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Oficina debate problemas da bacia do Japaratuba em Sergipe


Congregar atores sociais dos 18 municípios da Bacia do Rio Japaratuba, em Sergipe, e apontar, de forma participativa, os principais problemas e ameaças à qualidade ambiental dos seus rios. Este foi o objetivo da oficina promovida pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) e parceiros na quarta-feira (06-10), em Capela, maior cidade da bacia.

A oficina aconteceu na sede da Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) de Capela, no Leste Sergipano, e reuniu 50 participantes, entre moradores das comunidades da bacia, pesquisadores da Embrapa, representantes da Universidade Federal de Sergipe – UFS, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – Semarh, prefeituras municipais, Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe – ITPS e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba – CBHJ.

Na primeira parte do encontro, o pesquisador Júlio Amorim, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, apresentou o projeto ‘Aplicação de ferramentas de geoprocessamento e de modelagem matemática na avaliação dos impactos ambientais decorrentes das atividades antrópicas na Bacia do Rio Japaratuba, em Sergipe’, aprovado em 2010 pelo sistema nacional de editais da Embrapa, e que tem como uma das ações iniciais a própria oficina.

Júlio apresentou os objetivos e as ferramentas científicas que serão aplicadas na execução da pesquisa. O objetivo principal da ação é avaliar os impactos das ações humanas sobre os recursos hídricos da bacia.

A ferramenta científica aplicada será a modelagem matemática associada a Sistemas de Informações Geográficas – SIGs, sob a coordenação do pesquisador Marcus Cruz, também da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Realidade

O geólogo da Superintendência de Recursos Hídricos da Semarh, João Carlos Santos da Rocha, mostrou os aspectos gerais da bacia do rio Japaratuba, que compreende 18 municípios sergipanos, se estendendo de Graccho Cardoso, no Médio Sertão Sergipano, até Barra dos Coqueiros, na Grande Aracaju. Ao todo, cerca de 120 mil habitantes estão diretamente inseridos na bacia, que tem pouco mais de 1,7 mil quilômetros quadrados de área e três rios de maior porte: Japaratuba, Japaratuba Mirim e Siriri.

A bacia possui unidades de paisagem diversas, como caatinga, dunas, restingas e manguezais, além de vestígios de Mata Atlântica, onde se encontra o Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco. Entre as principais atividades econômicas na bacia estão a mineração de petróleo e gás, a produção de fertilizantes e a agricultura, com crescimento recente da cultura da cana para etanol.

Levantamentos apresentados pela Semarh dão conta de que o grau de devastação das matas ciliares da bacia do Japaratuba chega a impressionantes 98,4%. Em termos de saneamento básico, os números não são menos assustadores. Apenas 10% dos moradores têm esgotamento por rede pública ou fossa séptica. A grande maioria – 58% - utiliza fossa rudimentar, e mais de 30% não possuem instalação sanitária.

Metodologia

A pesquisadora da UFS Laura Jane Gomes, professora do departamento de engenharia agronômica, foi responsável por coordenar a metodologia da oficina. As discussões foram feitas em grupos de trabalho, utilizando-se a ferramenta de Planejamento Estratégico-Participativo (PEP).

Cada grupo identificou uma série de problemas, apontando os locais da bacia onde eles ocorrem, os impactos negativos que causam, a capacidade de resolução por parte das comunidades e do poder público e as ações efetivas já implementadas para combatê-los. Ao final, os grupos tiveram de priorizar os cinco problemas mais relevantes, que serão trabalhados ao longo do projeto de pesquisa até 2012.

Segundo a pesquisadora, os problemas mais graves apontados pelos participantes foram o desmatamento e suas conseqüências, como o assoreamento dos rios, além de despejo de agrotóxicos, esgoto, resíduos industriais e lixo na área da bacia. “Foi importante ver aqui os próprios órgãos municipais admitirem suas limitações, externando que precisam de ajuda no enfrentamento dos problemas. Isso mostra a importância da ação conjunta, consultando a sociedade, para promover soluções concretas para a bacia”, disse.

De acordo com Júlio, os resultados da oficina foram os melhores possíveis, e os problemas discutidos em grupo darão mais consistência aos resultados do estudo e levam a soluções mais viáveis para as questões. Para ele, a melhor forma da pesquisa se inteirar dos reais problemas da bacia é interagindo com os seus moradores.

“Não faz sentido chegar com dados prontos, muitas vezes constituídos em outras realidades, e apresentar aos residentes. São eles que estão envolvidos no dia-a-dia do rio e seus afluentes, e vivem e conhecem de perto os maiores problemas. E muitos deles atuam em organizações ligadas ao meio ambiente”, defende.

Para Rosa Cecília Santos, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba (CBHJ), a realização da oficina representa um momento inédito na história recente da bacia do Japaratuba.

“A Embrapa está promovendo hoje o que esperávamos fazer há mais de quatro anos, que é juntar representantes de todos os municípios da bacia para discutir, de forma aberta e objetiva, as soluções de problemas prioritários do Japaratuba. Assim, as ações não mais saem dos gabinetes fechados dos gestores, e partem de baixo para cima, do seio da sociedade, tal qual as águas do rio quando dão sinais.
 
As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE).

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