Para fazer frente ao estagnado mercado global de café, a Organização Internacional do Café (OIC) quer criar um fundo de recursos mundial para impulsionar o consumo do grão, atualmente em 110 milhões de sacas de 60 quilos por ano. Caberá ao empresário Ernesto Illy, presidente do conselho de administração da italiana illycaffè, a difícil tarefa de convencer os países produtores a fazer contribuições.
A criação do fundo global seria nos mesmos moldes do modelo brasileiro, o Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), mas terá somente a participação da iniciativa privada. "Não será uma tarefa fácil", observou Illy, que foi eleito, há um ano, presidente do comitê de promoção do café da OIC. Illy foi o responsável pelo levantamento de recursos para um fundo criado na Europa para desfazer a imagem de que o café causa mal à saúde.
Em recente entrevista ao Valor, o diretor-executivo da OIC, Néstor Osorio, disse que o fundo europeu arrecadou cerca de US$ 3 milhões. Atualmente, o caixa da OIC está praticamente zerado, com cerca de US$ 500 mil. Segundo Osorio, a entidade discutirá com os países produtores como a captação de recursos será feita, já a partir do início de 2004.
"Os recursos seriam utilizados para criar programas para estimular o consumo de café em países produtores, com a demanda estagnada, e em países sem tradição de consumo", disse Osorio.
Segundo Illy, parte da campanha seria concentrada na conscientização da classe médica, que tem importante poder de persuasão sobre seus pacientes. Outra parte dos recursos seria destinada aos programas de marketing. Segundo Osorio, um programa nesse sentido foi realizado no ano passado na China, com propagandas sobre o café em festivais de música.
A proposta da OIC foi recebida com algumas ressalvas pelos empresários brasileiros. Segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), as torrefadoras do país apoiariam o fundo, se a OIC realizasse campanhas para o estímulo do consumo no mercado brasileiro. Para os exportadores brasileiros (representados pelo Cecafé), a arrecadação do fundo global teria de ser ampliada para importantes países consumidores, como os EUA, que estão fora da OIC. "Senão, eles se beneficiariam das campanhas sem desembolsar nada", disse Guilherme Braga, do Cecafé.
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