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Oportunidade de fixação de café

Parece ser uma oportunidade muito interessante para fixações dos preços futuros como forma de se proteger de um eventual cenário negativo


Foto: Pixabay

Nos últimos dias, tem chamado atenção o bom nível dos preços do café arábica, sobretudo quando observados em Reais. Isso é resultado da combinação entre uma razoável sustentação das cotações em NY - função de um mercado apertado em curto prazo – e da desvalorização  cambial, que, em geral, pressiona negativamente as commodities denominadas em dólares.

Além disso, quando olhamos para a próxima safra, por exemplo, a cotação futura do câmbio para setembro/20 (R$ 5,01) combinado com a curva do café em NY para o mesmo mês, temos cotações possíveis de fixação pelo produtor brasileiro ao redor de R$ 560,00/saca, o que é um patamar interessante relativamente aos custos de produção. Fazendo o mesmo exercício para setembro/2021 o preço alcança R$ 600,00/saca.

Essa parece ser uma oportunidade muito interessante para fixações dos preços futuros como forma de se proteger de um eventual cenário negativo mais adiante. Mesmo para aqueles que já tenham avançado na fixação para a safra 20/21, vale a pena considerar a janela de possibilidade atual de aumentar as travas de preços para a safra seguinte dada a oportunidade que as cotações para entrega futura estão oferecendo.

O mercado tem hoje grande convicção de que a próxima safra brasileira, se não for recorde, será próxima daquela colhida há dois anos, o que certamente irá ampliar a disponibilidade de grãos no mercado e poderá limitar o espaço para grandes altas do terminal em NY. É claro que essa “limitação” das cotações estará sujeita também à qualidade do café a ser colhido, que - por sua vez - dependerá da contribuição do clima (seco) nos próximos meses.

É importante lembrar também que estamos em um momento de elevada aversão ao risco, o que se reflete em uma ampla depreciação cambial. Quando os mercados tiverem um norte mais claro da dimensão da redução do crescimento mundial, o dólar pode perder atratividade na margem para outros ativos, na medida em que o risco futuro percebido reduzir. E quando isso ocorrer, os preços de café em R$ dependerão de uma reação compensatória proporcional em NY para que a cotação final ao produtor brasileiro não fique pior.

Não obstante, se por alguma razão os preços da bebida ao longo do segundo semestre subirem ainda mais, o que não é o nosso cenário atual, o produtor poderá continuar se protegendo ao fixar, em bons níveis de preço, parte das produções futuras.

Consultoria Agro do Itaú BBA

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