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Ovos: pressão contra repasse de ajustes não se justifica

Analistas de mercado têm observado que o setor varejista permanece relutante em aceitar os ajustes que, lentamente, vêm sendo aplicados ao ovo


Analistas de mercado têm observado que o setor varejista permanece relutante em aceitar os ajustes que, lentamente, vêm sendo aplicados ao ovo. Alegam ser difícil o repasse ao consumidor, pois os preços registrados estão elevados.

Estranho. Em 2008, entre fevereiro e março, o ovo alcançou no atacado paulistano preço médio de R$54,50/caixa, valor que está sendo superado somente agora, mais de quatro anos depois e, ainda assim, por margem mínima – +0,9%, o que corresponde também a um adicional de pouco mais de 1 centavo por dúzia. Em quatro anos!!!


Pois bem: naquela ocasião, com os preços então recordes, o produto foi adquirido no varejo da cidade de São Paulo (dados do Procon-SP), por valores que variaram entre R$2,94/dúzia (dia 28 de fevereiro de 2008) e R$3,12/dúzia (6 de março de 2008). Então, o preço no varejo correspondeu a valores que variaram entre 1,62 e 1,72 vezes o preço médio registrado no atacado.

De volta ao presente, mantida a mesma relação de quatro anos atrás (pois nenhuma nova tecnologia foi introduzida no ovo, cujas características permanecem inalteradas – e saudáveis – há milênios), seu valor médio de venda ao consumidor paulistano deveria girar, na atualidade, em torno dos R$3,15/dúzia. No máximo. Mas, conforme novamente o Procon-SP, na última quinta-feira, 26 de julho de 2011, o alimento foi disponibilizada no varejo de São Paulo por R$3,71/dúzia, valor mais de duas vezes superior ao alcançado pelo atacado.

Em outras palavras, nesse espaço de tempo, enquanto o preço recebido pelo produtor aumentou (?) menos de 1%, a margem de comercialização do produto apresentou expansão de 22%.

A propósito e em tempo: ao nível do produtor, a evolução de preços foi ainda menor que a registrada no atacado. Pois entre fevereiro e março de 2008, exatamente como ocorre agora, o ovo foi comercializado por, em média, R$49,00/caixa. Portanto, a evolução de preços na granja é igual a “zero”.


Bem diferente da inflação (IPCA/IBGE) e do milho que, entre um e outro momento, registram variação de 25%. Ou, se preferirem, absolutamente diferente do farelo de soja, que então custava R$690 a tonelada e hoje vale R$1.400/t, ou seja, tem agora mais de 100% de incremento.



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