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Oxfam critica subsídios da União Européia para o açúcar


Novo relatório da Organização Não-Governamental inglesa Oxfam intitulado "Dumping on the world" mostra que seis companhias açucareiras e grandes produtores da União Européia estão entre os mais beneficiados pela política de subsídios do bloco ao açúcar.

Levantamento da ONG mostra que as seis maiores empresas receberam suporte de 819 milhões de euros em 2003 (subsídios à exportação). Segundo a Oxfam, a francesa Beghin-Say recebeu 236 milhões de euros, seguida pela alemã Sudzucker, a maior da Europa, com 201 milhões de euros, e a inglesa Tate & Lyle, 158 milhões. Para a ONG, os países em desenvolvimento são prejudicados uma vez que o bloco europeu exporta cerca de 5 milhões de toneladas de açúcar com preços abaixo do custo no mercado internacional.

As distorções provocadas pelos subsídios europeus causaram, em 2002, prejuízo de US$ 494 milhões ao Brasil, de US$ 151 milhões para a Tailândia, e de US$ 60 milhões à África do Sul e outros US$ 60 milhões à Índia, segundo o relatório.

Elisabete Seródio, consultora da União das Agroindústrias Canavieiras do Estado de São Paulo (Unica), concorda com o relatório e acrescenta que o movimento de concentração na UE é grande, o que justifica o fato de essas companhias serem beneficiadas pelo regime de subsídios.

Júlio Maria Martins Borges, diretor da Job Economia e Planejamento concorda com Elisabete, mas ressalta que o regime açucareiro europeu é mais antigo que o processo de concentração dessas empresas e foi criado para proteger os produtores de beterraba do bloco. "A concentração é processo da globalização", diz.

Martins Borges lembra que a política de subsídios de outros países, como a dos EUA, também prejudica o mercado internacional, mas, no caso da Europa, há uma dose de exagero, uma vez que o bloco joga seu excedente de açúcar no mercado.

Em junho, a UE irá anunciar novas mudanças no seu regime para o açúcar. Segundo Elisabete, o bloco tem três linhas de trabalho. A primeira é manter os subsídios; outra frente quer a eliminação de todos eles. A intermediária, considerada a mais viável, prevê cortes de alguns privilégios aos produtores, o que poderia resultar em redução do excedente de produção exportável.

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