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País será pioneiro mundial no fornecimento de café 4C

Estimativa de exportação, nesta safra, é de 500 mil sacas "sustentáveis"


Estimativa de exportação, nesta safra, é de 500 mil sacas consideradas "sustentáveis". O Brasil será o primeiro país no mundo a fornecer no mercado internacional café com a denominação "4C". Trata-se do Código Comum da Comunidade Cafeeira que estabelece regras ambientais, econômicas e sociais para produção de um "café sustentável". A estimativa é que o País exporte 500 mil sacas de café 4C vindas da 2007/08. Em três anos, espera-se que 100% da produção brasileira esteja adequada ao C4.

A projeção foi feita a partir do projeto-piloto realizado pelo Instituto Tótum no Brasil, entre dezembro de 2006 e março deste ano. Foram visitadas 11 fazendas, responsáveis pela produção de cerca de 34 mil sacas no Sul de Minas Gerais e São Paulo. O instituto é o responsável pelo programa de qualidade do Café da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

O diretor do instituto, Fernando Giachini Lopes, explica que a partir deste piloto foi possível concluir que, mesmo sem conhecer o programa, o cafeicultor visitado tem no seu método de produção práticas que o enquadram no sistema 4C. "Não foram detectadas práticas inaceitáveis entre as fazendas visitadas", resume. Apesar de não serem impeditivas na concessão do 4C, adequações seriam necessárias em algumas propriedades, principalmente na dimensão ambiental, que recebeu nota intermediária no relatório. Entre elas, uso de práticas de irrigação que desperdiçam água e embalagens de produtos químicos sem retorno ou reutilização indevida.

O resultado do projeto-piloto brasileiro será apresentado em abril aos membros da Associação 4C. A entidade tem sede na Alemanha e foi criada pelos maiores importadores mundiais de café - como Nestlé, Sara Lee e Kraft Foods. A motivação do setor industrial é garantir aquisição de matéria-prima sustentável, atendendo assim a exigência crescente dos mercados compradores, como o europeu, conforme explica o diretor do Instituto Tótum. "A meta é que 70% das importações mundiais sejam de café sustentável", afirma.

O instituto aguarda o aval de seu credenciamento como representantante da Associação 4C para iniciar a verificação oficial nas propriedades cafeeiras. "Nossa estimativa é de em três anos verificar 100% da produção brasileira", anuncia.

Esta agilidade, segundo Lopes, se deve ao fato de o 4C ser uma verificação e não certificação. Assim, a metodologia adotada visa verificar quais propriedades exercem a atividade dentro do código de conduta estabelecido pelo 4C, que não busca a excelência, mas o atendimento a padrões mínimos de produção sustentável.

O diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, esclarece que cafés sustentáveis são comercializados no mercado externo em grandes volumes e há muito tempo e com outros níveis de certificação, até mais exigentes, tais como o UTZ Kapeh, o RainForest e o FairTrade. "O café 4C não terá adicional de preço mas, certamente, vai facilitar o acesso do produtor ao mercado, que pode excluir ao longo do tempo aqueles que não produzem com sustentabilidade", pondera Braga.

O diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, acredita que a verificação 4C vai significar abertura de mercados mundiais aos produtores brasileiros. "E, apesar de o programa não vincular ágios de preços, sem dúvida, essas primeiras 500 mil sacas 4C terão preferência no mercado. É a demanda que vai definir esse valor", afirma.

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