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Países africanos propõem retirada progressiva de subsídios ao algodão


Os países africanos, representados pelo presidente de Burkina Fasso, Blaise Compaoré, apresentaram ontem à Organização Mundial do Comércio (OMC) uma proposta para que os países desenvolvidos retirem progressivamente os subsídios ao setor de algodão, que na África sustenta 10 milhões de pessoas e representa até 40% das exportações de países como Mali, Chade e Benin. A proposta, se adotada, favorecerá o Brasil, que também é prejudicado pelos subsídios.

Há poucos meses, o Itamaraty abriu uma disputa na OMC contra os subsídios dos Estados Unidos para o setor. Segundo o governo, os produtores americanos receberão neste ano cerca de US$ 3,7 bilhões em subsídios, o que afetará ainda mais o preço internacional do algodão e a competitividade dos países em desenvolvimento.

Compaoré não nega que, se a iniciativa não der resultados, os países africanos poderão pedir a abertura de disputa legal na OMC. A proposta prevê que os países ricos retirem seu apoio aos produtores de algodão a partir de setembro, quando ocorre a Conferência Ministerial da OMC, em Cancún. A proposta prevê que as economias centrais paguem indenizações enquanto não retiram os subsídios. No total, os africanos estimam que US$ 5 bilhões são gastos por ano nos EUA, Europa e China com esses subsídios. A compensação seria de cerca de US$ 1 bilhão.

O diretor da OMC, Supachai Panitchpakdi, apoiou a proposta africana, apontando que os países pobres querem comércio, e não ajuda externa para seu desenvolvimento. Segundo estimativas de ONGs, Mali recebeu US$ 37 milhões em ajuda estrangeira em 2001. No mesmo ano, os subsídios geraram perda de US$ 43 milhões ao país, ao deprimirem os preços internacionais do produto em até 26%.

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