A agricultura no Brasil tem um desempenho satisfatório, quase notável, disse ontem o empresário Antônio Ermírio de Moraes. "E quando se fala em fome - não é crítica, apenas observação -, o Brasil tem uma produção de mais de 100 milhões de toneladas de grãos para 170 milhões de habitantes. Uma relação de 60,6 quilos por habitante, enquanto no mundo a produção é de 1,84 bilhão de toneladas de produtos agrícolas para 6 bilhões de pessoas, uma relação que cai para 0,3 quilo/habitante".
Segundo o empresário, a relação bem/produtor no Brasil é muitas vezes maior do que a relação bem/produtor no mundo. "Agora eu pergunto a vocês onde é que está a fome no Brasil? Será que existem dados que estão sendo mal geridos? Será que existe muito faturamento sem nota?" Para Antônio Ermírio, isso é corrupção e deve ser tratado sob esse aspecto.
"Temos uma produção agrícola per capita duas vezes maior do que a produção agrícola per capita do mundo. Somos um País privilegiado no setor na agrícola com uma área imensa. Ocupamos 50% da área agricultável no Brasil e irrigamos apenas 6% da nossa produção. O mundo irriga 38%. E o Brasil pode se dar a esse luxo porque temos 20% da água do planeta, a Rússia, 22%. Se fossemos falar isso no Oriente Médio, achariam que é mentira".
Enquanto na indústria pesada um emprego custa de US$ 100 mil a US$ 200 mil (na petroquímica US$ 200 mil), na agricultura pode-se "fazer um emprego de US$ 15 mil, aproximadamente", disse Antônio Ermírio de Moraes.
"O Brasil tem muita água, muito sol e muita terra e com empregos a esse custo, o País tem chance de acabar com o desemprego e a fome". Para Antônio Ermírio, existe uma real possibilidade de se encontrar uma saída brilhante no Brasil por meio da área agrícola. "É claro que com uma política que possa remunerar bem o agricultor e a prestigiá-los para que eles possam amanhã estar presentes perante o mundo", disse.