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Pará tem novas áreas de pimenta-do-reino com gliricídia

O estado do Pará é o segundo maior produtor nacional de pimenta-do-reino


Foto: Divulgação/Ronaldo Rosa

Três novas Unidades de Referência Tecnológica (URTs) marcam a expansão do sistema de produção da pimenta-do-reino com o uso do tutor vivo de gliricídia em substituição às estacas de madeira. As URTs são áreas de demonstração da tecnologia localizadas em propriedades de agricultores familiares nos municípios paraenses de Tomé-Açu, Santarém e Baião, e servem como polos de aprendizagem e multiplicação do conhecimento.

Uma das unidades está localizada na propriedade de Maciel Ferreira, agricultor do município de Baião, região Nordeste Paraense. Ele, que herdou do avô a tradição da pipericultura, tem atualmente quatro mil pés de pimenteira-do-reino. “Eu tenho cacau, peixe e outras frutas, mas a pimenta é o principal produto da minha renda. Sempre apostei na pimenta e atualmente estou colhendo os frutos desse trabalho”, afirma Maciel.

Ele conta que implantou o tutor de gliricídia (tutor “vivo”) há cerca de três anos, quando teve o primeiro contato com a tecnologia. “No início, sem orientação técnica, tive dificuldades com o ‘amarrio’ da pimenta no tutor e com a poda da gliricídia, mas não desisti”, conta o agricultor. Atualmente, a área dele é uma referência para os produtores região e recebe visitas de quem quer conhecer os benefícios da tecnologia.

“Além de uma produção de três quilos de pimenta seca por pé, o tutor vivo é melhor para quem faz a colheita na época do verão, pois tem sombra. Então é muito bom para a planta e para o trabalhador”, ressalta Maciel.

O estado do Pará é o segundo maior produtor nacional de pimenta-do-reino com uma produção de 36 mil e 156 toneladas, em 2020, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As maiores produções se concentram nos municípios de Tomé-Açu, Baião, Mocajuba, Igarapé-Açu e Capitão Poço, e envolvem, principalmente, agricultores familiares.

A gliricídia (Gliricidia sepium) é uma árvore leguminosa de rápido crescimento, originária da América Central, que serve como tutor vivo (suporte para o crescimento) da pimenteira-do-reino, que é uma espécie trepadeira.

Benefícios econômicos e ambientais

A substituição das estacas de madeira pela árvore de gliricídia como tutor da pimenteira-do-reino é uma tecnologia que conquista cada vez mais agricultores nas diferentes regiões do Pará. As três Unidades de Referência Tecnológica implantadas no estado têm 0.6 hectares cada uma e cerca de mil plantas, sendo 500 na estaca de madeira e 500 no tutor de gliricídia, que evidenciam as diferenças nos sistemas de produção.

O pesquisador Oriel Lemos, da Embrapa Amazônia Oriental, ressalta que são inúmeras as vantagens do uso da gliricídia como tutor, entre elas, “a redução em 27% do custo de implantação do pimental em comparação ao sistema tradicional em função da substituição das estacas e da redução na aquisição de fertilizantes e adubos”, explica.

Além disso, como acrescenta João Paulo Both, analista da Embrapa Amazônia Oriental, o plantio da gliricídia evita o corte de árvores, contribui no sequestro de carbono, melhora a condição do solo com a fixação de nitrogênio e a incorporação da matéria orgânica. “O uso da gliricídia como tutor é sustentável em diversos aspectos, pois reduz custos e impacto ambiental, aumenta a lucratividade e melhora o ambiente”, afirma Both.

As Unidades de Referência Tecnológica implantadas em Tome-Açu, Santarém e Baião têm a parceria das empresas Tropoc e Pró-Mudas e apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater PA). O analista João Paulo Both destaca que elas estão abertas à visitação de produtores e interessados no tema, e que além da demonstração do tutor de gliricídia, os locais também apresentam novas variedades de pimenteira-do-reino livres de vírus, que serão lançadas em breve pela Embrapa Amazônia Oriental.

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