Pará vai ter Fábrica para beneficiar cacau
Segundo maior produtor de cacau do Brasil, o Pará investe no setor com a primeira fábrica de beneficiamento do fruto e exportação de cacau orgânico
A meta é ampliar o aproveitamento do potencial cacaueiro da região da Transamazônica - onde fica Medicilândia -, que detém a maior produtividade nacional, variando de 800 a 2 mil kg por hectare, o equivalente a 70% da produção estadual, gerando mais de 100 mil empregos diretos e indiretos.
O projeto da fábrica é resultado da parceria entre governo do Estado, via Secretaria de Agricultura (Sagri), e prefeitura municipal. A Sagri destinará inicialmente R$ 231 mil para a construção da obra. Segundo o secretário Cássio Pereira, a Sagri também apoiará a consolidação de APL (Arranjo Produtivo Local) do cacau na região. "Vamos melhorar a qualidade do produto e expandir a área plantada, pois a lavoura cacaueira é uma atividade que pode ser consorciada com essências florestais. Isso contribui para o reflorestamento e ajuda a preservar o meio ambiente", ressaltou.
A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) já instalou em Medicilândia uma biofábrica de mudas, com previsão de, até o próximo semestre, produzir 2 milhões de mudas de cacau. A estação da Ceplac ocupa uma área de 10 hectares e produz ainda sementes híbridas de 12 variedades. Este ano serão entregues aos produtores 7 milhões de sementes de alta produtividade, resistentes a pragas como a vassoura-de-bruxa.
O Pará é o segundo maior produtor de cacau do país. A Bahia liderou o ranking em 2007, produzindo 137 mil toneladas. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), a arrecadação de ICMS do cacau em 2007 totalizou R$ 15 milhões e, até julho deste ano, já ultrapassou os R$ 10 milhões.
Produção orgânica - Quatro cooperativas de produtores de cacau da região da Transamazônica possuem o selo do Instituto de Mercado Orgânico (IMO). Com esse certificado, reconhecido internacionalmente, a produção já pode ser vendida para outros países. As cooperativas estão instaladas nos municípios de Brasil Novo, Uruará, Anapu e Medicilândia, reunindo 130 propriedades credenciadas.
A Cooperativa de Produtos Orgânicos da Amazônia (Coopoam), localizada em Medicilândia, tem 25 sócios e 21 propriedades cadastradas. Este ano terá uma produção de 120 toneladas de cacau orgânico, que custa em média R$ 2,00 a mais que o convencional. Os produtores comemoram a primeira venda para o mercado estrangeiro. Serão 50 toneladas vendidas para uma empresa da Áustria, a R$ 7,60 o quilo do produto.
O agricultor Darcírio Wronski, presidente da Coopoam, cultiva cacau orgânico em uma área de 32 hectares. A produção para 2008 será de 18 toneladas. Darcírio visitará no início de 2009 a fábrica de chocolates da Zooter, empresa austríaca que adquiriu a produção da Coopoam.
Outras sete cooperativas estão em processo de adequação para o recebimento do selo do IMO.
Pará realiza a IX Festa do Cacau
De 9 a 13 de setembro, quinhentos agricultores da região da Transamazônica participam da IX Festa Estadual do Cacau, no município de Altamira, oeste do Pará. Com uma produção estimada em 50 mil toneladas este ano, o Pará é o segundo maior produtor de cacau do país, ficando atrás apenas da Bahia.
O evento oferece aos produtores palestras, cursos, seminários e oficinas com temáticas voltadas à qualidade no cultivo do cacau, produção orgânica, administração de propriedades rurais, criação de artesanato com subprodutos do cacau, entre outros temas.
Da programação constam ainda o Fórum de Secretários Municipais de Agricultura da Transamazônica e a feira com produtos da agricultura familiar.
O agricultor Élido Trevisan cultiva cacau há 31 anos. Tem atualmente 50 mil pés em uma área de 60 hectares, produzindo em média 60 toneladas/ano. Segundo ele, no período de colheita é preciso contratar muitos trabalhadores, mão-de-obra oriunda da agricultura familiar. Ele contou que usa espécies como mogno, jarana e tatajuba para fazer o sombreamento da lavoura. O preço médio pago pelo cacau na região é de R$ 4,20 o quilo. "O cacau é mais lucrativo que a criação de gado, pois o solo de terra roxa favorece uma boa safra", ressaltou Trevisan, que também investe em pecuária.
A IX Festa do Cacau é realizada pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura (Sagri), em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). As informações são da assessoria de imprensa do Governo do Pará.