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Paraná reduz desperdício na colheita


O Estado do Paraná tem a menor média nacional; máquina sem regulagem, operador com pouco preparo e tempo ruim causam prejuízos. A perda média nacional na colheita de soja, estimada em duas sacas de 60 quilos por hectare há dez anos, atualmente varia de 1,2 a 1,5 sacas/ha, segundo estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).

O produto permanece no solo, devido a colheitadeiras desreguladas, operadores despreparados ou condições de colheita inadequadas. Em comparação com a produção, essas perdas são da ordem de 3% da safra. No Paraná, entretanto, estado em que os operadores de colheitadeiras realizam concurso para escolher quem colhe mais soja por hectare plantado, a perda média é de um saco de 60 quilos por hectare, ou 2% da safra estadual, conforme levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), vinculada à Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná. Segundo Romualdo Faccin, responsável pela área de grãos da Emater em Maringá, em relação à safra paranaense deste ano, calculada em 10,6 milhões de toneladas, o ganho equivale a 3,5 milhões de sacas a mais - ou R$ 122,4 milhões.

Manutenção minuciosa

"Com esses recursos é possível adquirir 1.360 tratores de porte médio, que custa R$ 90 mil cada ou 8.266 carros populares no valor de R$ 15 mil." Essas perdas 50% menores que a média nacional, segundo ainda o agrônomo, colocam o estado com uma produtividade da ordem de 2,8 mil quilos/hectare, a mesma obtido no meio oeste norte-americano.

Essa produtividade deve-se ao trabalho de conscientização desenvolvido juntos aos produtores, nos meses de janeiro e fevereiro, no sentido de se realizar manutenção minuciosa das colheitadeiras, principalmente nos itens diretamente relacionados à performance dos equipamentos. Por economia e pelo fato que os vencedores dos concursos têm seus nomes elevados à glória no meio rural estadual.

Outra medida paranaense é no sentido de acabar com o aluguel de máquinas por hora, pelos produtores que ainda não possuem colheitadeiras. "O aluguel foi substituído pelo sistema de pagamento de 7% a 10% do total colhido. Assim, os proprietários das máquinas não aceleram o trabalho ( as perdas aumentam com o ritmo mais apressado ) e colhem com mais cuidado", explica ainda Faccin.

Campeonato

No meio rural paranaense, segundo o agrônomo Otmar Hubner, da Secretaria Estadual de Agricultura, os campeonatos de produtividade já vem sendo realizados há pelo menos dez anos.

O 10ª Concurso Municipal Contra Perdas na Colheita de Soja, encerrado sexta-feira passada, na cidade de Cambé, teve como vencedor o operador de máquinas, Wagner Rodrigues Pereira, com 0,036 sacas/hectare, contra uma média de 0,46 saca/ha obtidos pelas 101 colheitadeiras inscritas pelos seus proprietários. A média recomendável, segundo a Emater/PR, é da ordem de 0,75 saca/ha, ainda mais baixa que a média paranaense e muito inferior às perdas brasileiras. Hubner lembra do vencedor nos anos de 1998 e 1999, um agricultor de Cambé, Donizeti Peruzzi, com a "incrível" marca de 0,05 sacas de perda.

São centenas de certames realizados em municípios paranaenses todos os anos. Otmar Hubner explica que os produtores em geral são associados a cooperativas, o que facilita a realização de cursos, concursos e trabalhos de conscientização dos operadores e proprietários rurais.

O pesquisador Nilton Pereira da Costa, da Embrapa, diz que os vencedores e seus municípios se destacam com as menores perdas do País e têm seus nomes divulgados, como um piloto vencedor de alguma fórmula automobilística. A equipe da Embrapa, assim, conta que Wágner Pereira, 24 anos e seis de profissão, utilizou uma colheitadeira JD 1550 ano 2003 da Fazenda Panorama. Ele destaca que "o segredo está na máquina bem regulada, nas boas condições do clima no dia e da cultura seca, em ponto certo de colheita". No primeiro concurso de que participou, Pereira chegou em 24º lugar. Ficou em 15º no segundo e em 10º no terceiro. No quarto, venceu.

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