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Paraná relega o sorgo a pequenas áreas

Pecuaristas paranaenses aproveitam pouco resistência da planta ao estresse hídrico


Cultura avança principalmente no Centro-Oeste do país. Pecuaristas paranaenses aproveitam pouco resistência da planta ao estresse hídrico


Enquanto outras regiões do país ampliam a produção de sorgo, o Paraná segue dedicando os cantos das propriedades à cultura, usada na alimentação animal. Com o preço do milho 80% acima do praticado há um ano, o Nordeste está produzindo 90% mais sorgo para reduzir os custos de produção animal. A expansão deve chegar a 30% no Centro-Oeste, que alcança 1,2 milhão de toneladas ao ano – 60% da produção nacional –, mostram as estatítiscas da Companhia Nacional de Abaste­cimento (Conab).


O Paraná dedicou 1,6 mil hectares à alternativa na última safra. Esse é o número que aparece também nos relatórios do ano passado. Como a cultura ainda não ganhou importância econômica, as pesquisas são pouco precisas, afirma a agrônoma Margorete Demarchi, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Es­­tado da Agricultura e do Abaste­cimento (Seab). “O sorgo entra na rotina de pesquisa como silagem.” O milho que é usado com essa mesma finalidade nem aparece nas estimativas da safra de grãos.

No entanto, quem planta o sorgo afirma que a cultura tem seus méritos. “É bem mais resistente que o milho ao clima do Noroeste. Mostra mais estabilidade, o trato é mais barato, exige menos herbicida. Vai muito bem”, afirma Mário Aluizio Zafanelli, pecuarista de Umuarama. Ele planta 20 hectares de sorgo – mesma extensão dedicada ao milho – para a engorda de 300 cabeças de gado ao ano.

Como é mais fraco em nu­­trientes que o milho para a alimentação animal, o sorgo exige compensação. Zafanelli conta que usa a silagem e um “concentrado” na engorda. Assim, quando aumenta a proporção de sorgo no trato volumoso, amplia o uso de milho no concentrado. “A silagem de sorgo pode não ser tão boa quanto a de milho, mas é bem melhor que a de cana, não serve só para encher a barriga do animal”, compara.

O agrônomo Fernando Fáveri, da cooperativa Copacol (Cafe­lândia, Oeste), conta que o sorgo não tem liquidez no Paraná. Essa seria uma das razões pelas quais os produtores nem chegam a pensar em investir na produção comercial da gramínea. “A área do sorgo ainda é muito pequena, concentrada em regiões que enfrentam maior estresse hídrico. Os pecuaristas querem apenas garantir a produção de silagem para a própria fazenda”, relata.


Para a agrônoma do Deral, o fato de o estado já não possuir tantas áreas disponíveis no verão limita as possibilidades do sorgo. “As áreas são muito caras, precisam ser dedicadas ao que rende mais. Nesse caso, o sorgo ainda não está em condições de derrubar o milho, só em áreas onde o cereal não vai bem”, avalia Margorete.

É justamente nas áreas que tradicionalmente recebem menos chuvas que a cultura vem se expandindo em outros estados. Os produtores paranaenses reclamam, mas são os que alcançam melhor produtividade, 3,7 mil quilos de grãos por hectare. No Centro-Oeste, obtém-se uma tonelada a menos e, ainda assim, há mais espaço para o sorgo. O cereal é o quinto mais produzido no mundo, atrás do arroz, cevada, milho e trigo.

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