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Paraná vai exportar carne para a Rússia

Anúncio oficial deverá ser na próxima semana; comércio deve render até US$ 25 milhões por mês


O Paraná foi novamente habilitado a exportar carne bovina para a Rússia. O anúncio oficial deverá ser feito na próxima semana, quando quatro frigoríficos serão autorizados ao comércio: em Nova Londrina e Paiçandu (do Grupo Mercosul), Maringá (Garantia) e Paranavaí (Margen). A princípio, o Estado poderá exportar 3 mil animais por dia, o que deve render uma receita de US$ 20 milhões a US$ 25 milhões por mês. A informação é da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (Abiec) e foi divulgada ontem, durante o seminário internacional da 48 Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina.


''O cenário é otimista, mas não sabemos se haverá animais para atender a demanda'', disse Antonio Jorge Camardelli, diretor executivo da Abiec. O Paraná enfrenta embargo comercial desde outubro de 2005, quando foi confirmado foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. As exportações paranaenses tinham sido liberadas em novembro do ano passado, mas havia exigência de que os frigoríficos passassem por readequações. Em janeiro, uma missão russa percorreu as indústrias, liberando as quatro unidades. Segundo Camardelli, a projeção da entidade é que as exportações de carne bovina cresçam entre 10% e 15% neste ano, atingindo US$ 4,8 bilhões.

Deverá ser comercializada cerca de 2,5 milhões de toneladas, mesma quantidade exportada no ano passado. A carne brasileira é consumida em 186 países, fora o Mercosul. ''O foco da entidade está justamente no aumento da receita e não tanto no volume exportado'', disse o diretor executivo da Abiec. Ele afirmou que a arroba da carne tem alcançado a melhor remuneração dos últimos tempos. A estimativa é que no próximo mês mil propriedades estejam habilitadas à exportar para a UE. ''A oferta de animais está caindo e, por isso, os preços devem continuar nos atuais patamares (na casa dos R$ 77 a arroba), variando conforme a sazonalidade'', disse.

Segundo ele, não há restrições quanto à qualidade da carne produzida no Brasil. ''O que existe são falsas barreiras comerciais. Produzimos o único 'boi verde' do mundo, as outras produções deixam os animais presos, e ainda temos 90 milhões de hectares disponíveis para expansão da pecuária'', afirmou Camardelli. Já Belarmino Fernandez Iglesias Filho, diretor e sócio-proprietário da rede de restaurantes Rubaiyat (com restaurantes no Brasil, na Argentina e Espanha) lembrou que a demanda interna por carne vem crescendo. ''Em 20 anos o Brasil vai passar a ser importador de carne'', enfatizou.


No entanto, na sua avaliação, a carne produzida no Brasil, além de não ter certificação, também não é padronizada. ''A produção de frangos e suínos é padronizada em todo o País, enquanto a produção de carne bovina não é igual nem em um raio de 70 quilômetros. Não há produto homogêneo no Brasil'', comparou. Este foi um dos motivos que levou a rede de restaurantes a investir também na criação dos animais oferecidos nas lojas. ''O consumidor quer qualidade'', salientou Iglesias. Na fazenda Rubaiyat são criadas raças européias, que oferecem o ''melhor bife''. ''O aumento da renda possibilitou mudanças de hábitos. Até 2040 o consumo de carne na América do Sul vai crescer quatro vezes'', informou.

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