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Paranaguá passará por prova de fogo em 2007

A liberação do escoamento de soja OGM deve provocar um salto nas exportações


Depois de dois anos sem filas de caminhões – em função das quebras na produção de grãos e da proibição ao embarque de soja transgênica – o porto de Paranaguá deve passar por uma prova de fogo em 2007. A liberação do escoamento de soja geneticamente modificada pelos terminais privados, a melhora nos preços internacionais e o aumento da safra agrícola devem provocar um salto no volume de exportações e desafiar a infra-estrutura do principal porto graneleiro do País. A Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) projeta um crescimento de até 30% nos embarques de soja e milho por Paranaguá, que totalizaram 7,4 milhões de toneladas em 2006.

Segundo Otmar Hübner, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), somente as exportações de soja do Paraná devem registrar um crescimento de 55%. A expectativa é que cheguem a 4,5 milhões de toneladas, contra 2,9 milhões no ano passado. As exportações de milho também devem crescer, passando de 3,3 milhões de toneladas para 4,5 milhões de toneladas, segundo previsão de Margoreth Demarchi, analista do Deral.

Com custos até 30% menores do que os demais portos graneleiros, a previsão de analistas é que em 2007 Paranaguá volte novamente a ser o maior exportador de soja em grão. O terminal perdeu o posto nos últimos anos para Santos (SP) e São Francisco do Sul (SC), por conta da restrição aos transgênicos.

Apesar de positiva, a previsão preocupa os exportadores. "Com certeza haverá filas", prevê Nilson Camargo, assessor da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Para ele, três fatores devem pressionar a infra-estrutura do terminal: a liberação dos transgênicos, o aumento da safra e a melhora nos preços internacionais. "E o porto não fez nenhum investimento em ampliação para atender o aumento da demanda", diz.

Desde fevereiro, o fluxo de veículos de carga triplicou na BR 277, que liga Curitiba a Paranaguá. Até agora, houve dois congestionamentos de caminhões. As filas, que não ultrapassaram 20 quilômetros, ainda estão longe das registradas no passado, quando superavam 100 quilômetros e alcançaram a entrada de Curitiba, mas a preocupação é em relação ao que deve ocorrer nas próximas semanas.

O pico do escoamento da safra deve se dar entre abril e maio. "Algum problema, ainda que não na proporção do registrado no passado, deve ocorrer", também aposta Flávio França Júnior, analista da Safras&Mercado. Segundo ele, o ritmo de comercialização segue forte, embalado pelos bons preços. No Paraná, segundo maior produtor de soja, cerca de 46% da safra já foi colhida e 16% comercializada, de acordo com o Deral. No ano passado, apenas 6% da safra havia sido vendida.

Deságio

Em função da previsão de aumento da oferta nas próximas semanas, Paranaguá já registra prêmio negativo de US$0,10 por bushel sobre a cotação de Chicago nos contratos para abril. O valor refere-se ao deságio pago pelos importadores à soja exportada pelo terminal. Por enquanto, segundo França Júnior, trata-se de um deságio normal para a época. Em 2004, quando o porto viveu um caos por conta da fila de caminhões, de navios e de uma greve de operadores portuários, o desconto chegou próximo de US$ 2 por bushel.

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