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Pecuaristas de Mato Grosso aderem à campanha regional

Movimento conta com adesão de federações de GO e do MS


A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), lançou ontem, a campanha "Gado Só à Vista". Desenvolvida em parceria com as Federações de Goiás e Mato Grosso do Sul, o objetivo da campanha é conscientizar os pecuaristas de que é preciso mudar as formas de comercialização com a indústria e também impedir a venda de animais para as empresas que têm dívidas com os produtores rurais.

"O tipo de venda com um dia, cinco dias, um mês ou qualquer tempo de prazo para pagar não é venda à vista", alerta o presidente da Famato, Rui Prado. Durante o lançamento da campanha ele lembrou que a cultura da comercialização dos animais entre pecuaristas e frigoríficos sempre foi assim. "É preciso romper este paradigma para a comercialização dos animais". A decisão em se lançar uma campanha como esta foi tomada após reunião organizada em Goiânia, no último dia 25 de maio, entre membros de entidades representantes do setor, pecuaristas e das três Federações.

O movimento também recebeu ontem o apoio da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). Durante o evento, a Famato uma cartilha para auxiliar os pecuaristas mato-grossenses a comercializar o gado de forma a não ter prejuízos. Composta de 13 páginas, a cartilha servirá como um manual orientativo. Na venda à vista a Federação tem orientado o produtor para entregar os animais aos compradores só após o depósito do valor da venda na conta do credor. Outra garantia é a venda futura por meio da BM&F, através do CentroBoi da Famato.

"Essa campanha tem de mudar paradigmas, não só com a questão cultural de venda de gado à vista, mas também com relação à toalete e peso do gado", disse o vice-presidente da Acrimat, José João Bernardes. Ele explicou que o pecuarista deve voltar a comercializar seu produto "como antigamente, onde o gado é pesado no curral e na balança da fazenda e o caminhão só sai de lá depois de ser pago, e isso já vem ocorrendo com muita frequência em Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Isso é possível também em Mato Grosso". Segundo informações apresentadas pela Famato, atualmente 70% do gado de corte em Mato Grosso são comercializado à vista e a falta de crédito no mercado inviabiliza no momento que esse percentual cresça.

O presidente da Famato disse que "é preciso acabar com a cultura de entregar o boi de boa-fé, pois o pecuarista não é financiador e sim fornecedor e essa campanha vem para conscientizar e informar o produtor como se proteger de maiores riscos".

É voz corrente no setor pecuário que são os pecuaristas que financiam os frigoríficos, pois entregam seu boi às indústrias para receber depois de 30 dias. Nesse meio tempo, a indústria transforma o boi em carne, comercializa, para depois pagar o produtor. Isso quanto paga. "Essa relação comercial tem que mudar, pois a soja é vendida à vista, assim com o algodão, o milho e outros produtos. O boi também tem de ser vendido à vista, mas a Acrimat respeita a posição de cada produtor, pois ele é quem sabe qual a melhor forma de trabalhar. Mas os produtores estão conscientes de que a cultura de vender a prazo tem que acabar", frisa João Bernandes.

CRISE – O movimentou deflagrado ontem é uma resposta dos pecuaristas estaduais à crise da indústria frigorífica que deixou de saldo ao Estado a suspensão das atividades de 15 plantas e uma enxurrada de pedidos de recuperação judicial. Segundo o segmento, a dívida das indústrias para com os pecuaristas é de R$ 120 milhões.

A crise começou no final do ano passado com o fechamento dos frigoríficos. Das 38 plantas habilitadas a exportar, 15 estão paralisadas, isso comprometeu 40% da capacidade de abate de bovinos. O efeito dominó foi inevitável: 4,8 mil funcionários foram demitidos diretamente, sendo que o impacto social, no entanto é muito maior, chegando a atingir quase 40 mil pessoas. Além disso, R$ 4,2 bilhões deixaram de girar na economia mato-grossense, uma situação que pode representar, em 2009, redução de cerca de 20% do total que o Estado arrecadou em 2008 com o ICMS dos frigoríficos. (Com assessoria)

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