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Pecuaristas do Norte do Mato Grosso perdem mercado

A UE ainda mantém o embargo dez anos depois do último caso de aftosa no MT


Dez anos depois do último caso de febre aftosa em Mato Grosso, o mercado europeu ainda mantém o embargo à carne bovina oriunda do Norte mato-grossense. Essa restrição, iniciada em 30 de novembro de 1996, faz com que os pecuaristas da região deixem de exportar o produto para um dos mercados mais atrativos e rentáveis do mundo.

Tanto o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio de Freitas, quanto o coordenador regional do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT), em Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá), José Carlos Balbo, não sabem mensurar, em valores, quanto os criadores de gado da região estão deixando ganhar com essa restrição comercial.

Para avaliar o tamanho da perda financeira que o país tem com um caso de aftosa, Balbo cita um estudo feito pelo Ministério da Agricultura. De acordo com ele, a cada minuto que o pecuarista deixa de avisar um eventual foco da doença aos órgãos competentes responsáveis, o país perde cerca de R$ 1 milhão. Esse valor seria o tamanho do prejuízo causado principalmente com o embargo de outros países que deixariam de importar o produto.

O coordenador do Indea/MT explica que as medidas sanitárias adotadas em Cuiabá, por exemplo, são as mesmas em todos os outros 140 municípios mato-grossenses. “Não tem diferença entre as medidas adotadas entre a área que pode exportar para a Europa e essa faixa que não pode. O procedimento sanitário é o mesmo em todo o Estado. A região é apta a exportar, somente não tem a autorização dos europeus”, explica.

O embargo ao produto que sai do Nortão é feito pela seguinte consideração: os rebanhos estão próximos de uma zona vista como de risco pelos europeus, que seria o Sul do Pará. No entanto, essa restrição ao gado do Nortão é valida somente para o mercado comercial europeu. Para outros paises e continentes a carne bovina continua vendida normalmente e constantemente.

Os dois maiores mercados compradores da carne bovina da região Norte são a Rússia e outros países asiáticos. A exportação é variável durante o ano, porém, em alguns períodos chega a representar mais de 50% da produção local exportada.

A reação é imediata: produtores da região em conjunto com o Ministério da Agricultura e de órgãos como o Indea/MT, se articulam para o fim desta zona de restrição imposta pelos europeus. O motivo é simples. Apesar de a Ásia ser atualmente os maior comprador da carne bovina, isso não significa necessariamente que seja rentável aos produtores da região. O mercado europeu chega a pagar duas vezes melhor no preço da carne que a Rússia e o restante da Ásia. Daí a insistência dos produtores da região em derrubar a insistente restrição que já perdura por dez anos.

Para os criadores de gado resta apenas esperar que os agentes fiscalizadores da Organização Internacional de Epizootias (OIE) – órgão máximo internacional sobre deliberações a respeito da sanidade animal - dê o aval para que se possa exportar carne bovina para o mercado europeu.

O estado – O último balanço anual da campanha de vacinação contra a febre aftosa no Estado – divulgado em janeiro deste ano – revela dados que justificam a ansiedade da queda da restrição européia. Por região, Sinop obteve o maior índice de vacinação (99,87%), seguido de Juína (99,83%), com 2,73 milhões de animais vacinados, e Alta Floresta (99,76%), com rebanho vacinado de 3,07 milhões de cabeças. Região com o maior rebanho bovino do Estado (3,75 milhões de cabeças), Barra do Garças alcançou 99,68% de vacinação, um dos maiores desta campanha. Todos são rebanhos sob restrição.

O número de propriedades cadastradas na última campanha – novembro de 2005 - subiu para 100,23 mil, sendo 51,40 mil propriedades em área não habilitada para exportação à União Européia e, 48,82 mil propriedades, em áreas habilitadas.

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