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Perdas de R$ 1,82 bilhão

Em MT, supersafra de soja chega à reta final sendo ameaçada pela queda constante do dólar


Em MT, supersafra de soja chega à reta final sendo ameaçada pela queda constante do dólar

Preços valorizados da soja no mercado internacional eram motivos suficientes para os produtores mato-grossenses comemorarem a maior safra da história, 20 milhões de toneladas nesta temporada (10/11). Contudo, na reta final da colheita, os sojicultores estão apreensivos com a queda do dólar frente ao real, que já acumula baixa de 8,14% entre outubro de 2010 – início do plantio - quando a moeda estava cotada a R$ 1,72, e agora, na colheita, com dólar valendo R$ 1,58. O resultado dessa desvalorização é o aumento nos custos do frete, que deverá gerar perdas de R$ 285 por hectare (R$ 5,18/saca), totalizando R$ 1,82 bilhão nesta safra.


“O cenário é realmente preocupante porque o câmbio irá corroer parte da renda dos produtores”, alerta o diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Marcelo Duarte Monteiro. Segundo ele, dólar desvalorizado dificulta a situação do setor agrícola no Estado, que amargou nesta safra perdas significativas com o milho, em função da estiagem. Ele manifestou receio de que a volatilidade do câmbio possa reduzir a rentabilidade das culturas de exportação.

“A economia brasileira e todo setor que depende de exportação está sofrendo. A verdade é que hoje os preços da soja em dólar estão acima da média, o que está suavizando os efeitos da crise. Mas o quadro é bastante preocupante”. Ele informou que 90% da safra mato-grossense já foram comercializados.

“Dólar baixo significa perda de rentabilidade do produtor, devido ao descasamento entre receita e despesa. Este prejuízo inviabiliza totalmente o setor, principalmente das commodities, como é o caso da soja”, afirmam os analistas, admitindo que o produtor terá de assumir os prejuízos decorrentes da queda de renda provocada pela desvalorização cambial.

O movimento de alta ou baixa na cotação do dólar – como o que está ocorrendo nas últimas semanas - tem impacto direto nos custos do frete e na formação dos preços da soja. Segundo Marcelo Monteiro, o produtor é o que mais tem sofrido nas últimas safras com a volatilidade do dólar. “O resultado deste descompasso entre custos e dólar é a queda, ano a ano, da renda agrícola. A soja é a commodity mais prejudicada com estas variações”.


De acordo com o diretor da Aprosoja/MT, dólar baixo afeta, principalmente, aqueles que estão localizados em regiões mais distantes dos portos de escoamento, como Mato Grosso. "O real é a moeda que forma o valor do transporte no Brasil. Quando este custo é convertido para dólar nas baixas cotações, precisamos de mais reais para pagar o frete”, explica.

Ele cita o exemplo dos produtores de Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá), que pagam atualmente R$ 216 por tonelada para transportar a soja até ao porto de Paranaguá (PR). “Se o dólar estivesse cotado a R$ 2, o valor do frete seria de US$ 108 por tonelada. Como está cotado a R$ 1,58, o custo sobe para US$ 137/t. A diferença significa dois dólares a mais de custo para o produtor por saca. É muito impactante para a renda. O real mais valorizado gera uma inflação de custo em dólar”.

Monteiro lembra que todas as despesas em reais, como frete, folha de pagamento, reposição de peças, manutenção da frota, impostos e outras, sofrem variações quando há movimento no câmbio. “O frete fica mais caro ou mais barato de acordo com a valorização do dólar. O momento exige muita cautela, pois ninguém sabe ao certo o que ainda irá acontecer daqui para frente”.


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