CI

Perdas nas lavoura de soja em Goiás passam de R$ 1 bilhão


Novo levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) mostra que os prejuízos da safra de soja deste ano podem ultrapassar a R$ 1,137 bilhão – no início do mês, a previsão era de R$ 700 milhões. As causas da piora do diagnóstico são o excesso de chuvas que afetou as lavouras nos meses de janeiro e fevereiro, a ferrugem aisiática e a situação caótica das estradas no momento do escoamento da produção, o que resultou no aumento do custo do frete.

O presidente da Faeg, Macel Caixeta, lembra que apenas a ferrugem asiática – doença que ataca as lavouras de soja, provocando o amadurecimento precoce e o apodrecimento das vagens – causou perda de quase 20% na produção. Além disso, os produtores goianos amargam prejuízo financeiro sem precedentes em relação à comercialização. Cerca de 80% da produção foi vendida antecipadamente ao preço médio de US$ 9,50 (R$ 27,65) a saca, enquanto a cotação de sexta-feira chegou a US$ 17,81, o correspondente a R$ 50,00.

Para piorar a situação, houve encarecimento do transporte. No início do mês, o custo do frete da tonelada de soja de Goiás ao Porto de Paranaguá (PR) era de R$ 85,00. Na semana passada chegou a R$ 118,00 e poderá atingir R$ 130,00 nos próximos dias. Isso porque a demanda de transporte aumentou, pois o porto voltou a funcionar na semana passada.

Caixeta relata que os produtores estão em situação de quase desespero com o tamanho do prejuízo registrado nesta safra. No ano passado, durante o preparo do plantio, apesar dos custos elevados dos insumos – o dólar estava cotado a R$ 3,80 –, os agricultores investiram no aumento de 14,54% da área plantada. Eles esperavam recuperar a renda, com a oferta de mais produtos para atender à demanda do mercado. Contudo, o clima não colaborou.

A intensidade das chuvas em Goiás no início do ano prejudicou as lavouras, principalmente a de soja. Além disso, pioraram as condições de tráfego nas rodovias.

Números

A Faeg estimava produção de 11,207 milhões de toneladas de grãos de arroz, feijão, milho, soja e de plumas de algodão na safra 2003-2004. Isso representava 5,28% a mais do que o total colhido na safra passada (10,646 milhões de toneladas). O carro-chefe continua sendo a soja. A previsão inicial era de que seriam colhidas 7,3 milhões de toneladas do grão. Mas com a quebra da safra, deverão ser colhidas apenas 5,98 milhões de toneladas. Desse total, cerca de 3 milhões serão exportadas, a maioria pelo Porto de Paranaguá.

Levantamento da Faeg mostra que já foram colhidas cerca de 60% das lavouras de Goiás. Porém, o escoamento para as indústrias ou para os portos ainda está lento por causa das más condições das estradas. Com isso, a tendência é de acúmulo de caminhões nas portas de armazéns para o carregamento da produção, seguido de congestionamento nas estradas rumo aos grandes centros consumidores e aos principais portos marítimos, tais como Santos (SP) e Paranaguá (PR).

A expectativa dos produtores é que os governos federal, estadual e municipais invistam, imediatamente, na recuperação das estradas para garantir melhores condições de tráfego. Com isso, o valor do frete rodoviário poderia ser contido e evitaria, inclusive, altas maiores nos custos dos alimentos para o consumidor final.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.