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Pesquisa cria curativo de nanofibra de açafrão

Por ser nanotecnológico ele é capaz de liberar o princípio ativo de forma lenta


Foto: Paulo Chagas

Pesquisadores de São Carlos (SP) projetaram um novo modelo de curativo para feridas de pele a base de açafrão-da-terra ou cúrcuma. Unindo nanotecnologia com biotecnologia, da combinação de compósitos biodegradáveis e de uma porção de curcumina, ele é capaz de liberar o princípio ativo contido no interior do curativo, de forma controlada, o que nem sempre ocorre em versões tradicionais.

Embora apresente diversas propriedades medicinais, como atividade bactericida, antioxidante e anti-inflamatória, a aplicação da curcumina é limitada por sua baixa solubilidade e fácil degradação na presença de luz. Para vencer essas barreiras, os pesquisadores criaram um nanomaterial baseado em membranas poliméricas bicamadas, compostas por fibras eletrofiadas de poliácido láctico e borracha natural.

O resultado obtido abre caminho para ampliar o uso de curativos multifuncionais nesse modelo, de liberação lenta de compostos bioativos para tratamento de queimaduras e úlceras, por exemplo. Em ensaios de laboratório, o curativo evitou a penetração de bactérias por dez dias e demonstrou forte ação antibacteriana contra a Staphylococcus aureus, bactéria geralmente presente em feridas cutâneas e associada a infecções de pele.

O curativo pode ser disponibilizado como mantas de nanofibras, em diversos formatos, apropriado à aplicação em ferimentos cutâneos. Ao mesmo tempo em que protegem as lesões de ações externas, como exposição à luz solar e contaminação, o curativo também diminui a infecção por bactérias. 

Já com pedido de patente depositado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o próximo passo é prospectar parceiros interessados em avançar no desenvolvimento do produto e realizar testes em escala para entrada no mercado.

O modelo-piloto apresenta importantes propriedades, como flexibilidade e elasticidade, além de biodegradabilidade e biocompatibilidade e capacidade de realizar trocas gasosas, que auxiliam no processo de cicatrização da pele.

Estas características vantajosas se devem à composição e ao design das nanofibras poliméricas que compõem o curativo. Elassão formadas por duas membranas produzidas por eletrofiação,cada uma com funções distintas. 

Corrêa explica que a camada inferior, que entra em contato com a pele, é composta por uma mistura biodegradável de microfibras de poliácido láctico (PLA) e de borracha natural (BN) contendo o composto bioativo curcumina. “Já a camada superior, exposta ao meio externo, composta apenas por nanofibras de PLA, cumpriu função dupla: fez a proteção da curcumina - contida na camada inferior - contra a fotodegradação e evitou a penetração bacteriana externa”, acrescenta o cientista. 

Os vegetais ou parte deles são utilizados desde a Pré-História para fins medicinais. Antes de forma mais empírica e, na sociedade moderna, com pesquisas que tentam entender princípios ativos, de origem vegetal, como os da curcurmina, empregados com sucesso no curativo cutâneo.

Na opinião de Daniel Corrêa, da Embrapa, os curativos que utilizam produtos naturais devem funcionar não apenas como uma barreira física contra microrganismos presentes no ambiente. “Eles também têm a função de prevenir a infecção da ferida, manter um ambiente úmido adequado, permitir a troca gasosa e o transporte de nutrientes, minimizar a dor sofrida pelo paciente, bem como estimular o processo de cicatrização”, detalha. 

*informações da Embrapa

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