CI

Pesquisa descobre características únicas do arroz preto

Trabalho identificou compostos fenólicos que variam de acordo com as regiões produtoras


Foto: José Colombari Filho

Um estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com a Embrapa, trouxe uma descoberta que pode valorizar o arroz preto produzido no Brasil. A constatação é que o arroz preto produzido no país tem traços químicos específicos abrem novas possibilidades de mercado para produtos exclusivos e regionais. A pesquisa identificou compostos fenólicos que variam de acordo com as regiões produtoras.

Isso vai permitir diferenciar as regiões produtoras de acordo com suas características, como já acontece com o café, por exemplo. Também pode permitir o acesso a novos mercados para o produto que tem baixa produção mas grande valor nutricional. Alguns compostos fenólicos, como flavonóides e antocianinas, chegam a ser dez vezes superior aos encontrados no arroz branco. 

O trabalho de análise laboratorial foi realizado com duas linhagens: a AE153045, da Embrapa; e a cultivar comercial IAC 600, produzidas sob sistema irrigado em áreas experimentais de pesquisa da Empresa e seus parceiros, no Vale do Paraíba (SP) e no Rio Grande do Sul, em seis municípios: Alegrete, Santa Vitória do Palmar e Capão do Leão, no estado gaúcho e Roseira, Guaratinguetá e Taubaté, em São Paulo.

Os estudos utilizaram os compostos fenólicos presentes nos grãos como biomarcadores para a distinção da origem do arroz preto. A identificação de algumas dessas substâncias nas cultivares pesquisadas, associada à influência de seu local de produção, abre margem para a utilização comercial de produtos naturalmente diferenciados e regionalizados. 

Os resultados mostraram que o acúmulo de compostos fenólicos nos grãos, principalmente as antocianinas, foi até três vezes superior em Santa Vitória do Palmar (RS), em comparação aos outros locais, como Taubaté (SP), por exemplo. Como essas substâncias são responsáveis por conferir a coloração dos grãos, a cor preta é mais intensa na primeira região.

A mudança de latitude atinge as lavouras de arroz de diferentes maneiras, pela duração do dia, radiação solar e qualidade da luz, induzindo o arroz a produzir mais ou menos compostos fenólicos. Portanto, a diferença de mais de 10 graus de latitude entre as duas localidades pode ter sido um dos fatores que influenciou na biossíntese (processo de produção de compostos químicos complexos, vital ao metabolismo das plantas) e no teor de antocianinas.

Complementarmente, a Zona Sul, onde está Santa Vitória do Palmar, é uma região orizícola também conhecida por abrigar empreendimento para produção de energia eólica. O vento pode ser um fator causador de estresse à planta. Sabe-se que os compostos fenólicos são produzidos pelo metabolismo especializado das plantas em resposta a estresses, atuando no fortalecimento da sua estrutura vegetal, e contribuindo para a sua proteção contra doenças e pragas.

O trabalho científico foi publicado na revista Food Chemistry e pode ser visto aqui.
 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.