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Pesquisador da Unicamp (SP) garante que transgênicos são benéficos à saúde humana e ao meio ambiente


O pesquisador do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcelo Menossi, afirmou na sexta-feira (09-05), durante o lançamento nacional da revista Nutrição e Saúde, em Porto Alegre, que os alimentos transgênicos não representam riscos ao consumidor e reduzem a quantidade de herbicidas no meio ambiente. “A população brasileira pode ficar tranqüila quanto aos organismos geneticamente modificados (OGMs) disponíveis nos supermercados, porque todos os produtos, antes de chegar na mesa do consumidor, são testados em animais e voluntários humanos, e até agora nada foi comprovado que podem causar mal à saúde”, destaca Menossi.

Em relação ao meio ambiente, ele enfatizou que o uso de agrotóxicos em lavouras da China e dos Estados Unidos vem caindo consideravelmente. No país asiático, a utilização de pesticidas nas lavouras de algodão transgênico, segundo órgãos locais, apresentou redução de 125 mil toneladas nos últimos três anos, o que significou um ganho de US$ 200 por hectare a cada produtor chinês. No país da América do Norte, nos últimos anos esse recuo foi da ordem de 5,3 mil toneladas para o algodão, 2,9 mil ton para a soja e 1,5 mil ton para a cultura de milho. Segundo o pesquisador da Unicamp, essa queda representou uma economia de US$ 2,5 bilhões aos EUA no tratamento de água contaminada com defensivos agrícolas somente no ano passado.

As pesquisas com OGMs vêm sendo realizadas há bastante tempo nos principais países que cultivam transgênicos. De acordo com Menossi, o primeiro produto modificado geneticamente e liberado para a comercialização nos Estados Unidos ocorreu em meados da década de 90, após sucessivos testes para analisar o impacto que causaria na saúde humana e no meio ambiente. Existe uma estimativa do governo norte-americano que aproximadamente 70% dos produtos comercializados nos supermercados do país tenham algum componente modificado geneticamente. A China também intensificou os estudos nos últimos três anos.

Em razão disso, Menossi considera fundamental que o Brasil continue com as pesquisas, porém ressalta que é muito difícil realizar os testes por considerá-los burocráticos. “O governo federal costuma atrasar o progresso tecnológico pela excessiva burocracia para se conseguir realizar os devidos testes”, critica. Ele citou como exemplo o caso da soja transgênica cultivada em diversos Estados brasileiros. “Se tivéssemos acompanhado o desenvolvimento da soja transgênica durante esses cinco anos, teríamos resultados mais eficazes”, complementa.

Ele revelou que a Embrapa já possui diversas variedades de sementes da oleaginosa resistente a herbicidas. Por isso, caso seja liberado o plantio, o Brasil estaria em uma posição privilegiada e não dependeria de grãos da Monsanto, detentora da patente da semente transgênica Roundup Ready (RR), e conseqüentemente, não precisaria pagar royalties à multinacional, como exigem os produtores norte-americanos.

O centro de pesquisa na área de biotecnologia da Unicamp vem realizando associações com produtores brasileiros para melhorar a produção em diversas culturas. No caso do milho transgênico há estudos para melhorar a adaptação ao solo do Cerrado, que apresenta uma quantidade muito tóxica de alumínio e, por isso, diminui significativamente a produtividade. Para o café, a universidade, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), estuda uma forma de exterminar com o bicho mineiro, que até hoje não existe nenhuma variedade comercial resistente a essa praga no Brasil. E a outra tarefa da Unicamp, em associação com cooperativas produtoras de açúcar, é buscar quais genes são responsáveis pelo teor de sacarose na cana com objetivo de aumentar a quantidade de açúcar.

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