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Pesquisador fala sobre o manejo integrado de plantas daninhas

Especialista detalha as etapas do manejo, ressaltando a importância de planejar bem as ações, e fala sobre as culturas mais afetadas


Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa Soja, fala sobre a importância de realizar o manejo integrado de plantas daninhas. Para ele, este talvez seja um dos maiores problemas da agricultura mundial, e o manejo é a forma mais eficaz de controlá-lo

O especialista detalha as etapas do manejo, ressaltando a importância de planejar bem as ações, e fala sobre as culturas mais afetadas pelas plantas daninhas.

O que é o manejo integrado de plantas daninhas?

O manejo integrado de plantas daninhas é uma ferramenta que fornece todas as informações necessárias para facilitar a tomada de decisões a fim de controlar essas plantas que afetam diferentes culturas como milho, soja e trigo. Ele é constituído por quatro etapas principais, que são: monitoramento, avaliação, planejamento e controle propriamente dito, sendo que todas as fases são importantes e, por isso, são imprescindíveis para assegurar a eficácia do manejo integrado.

Quais os procedimentos adotados em cada etapa?

É importante dizer que as etapas estão diretamente ligadas, pois são interdependentes. O produtor, em qualquer sistema de produção agrícola, deve tornar o monitoramento uma prática constante na lavoura. Ele deve ter a consciência de que o objetivo não é controlar a planta daninha durante uma safra ou um período específico, mas sim de maneira permanente. Buscando tornar a prática mais eficiente é aconselhável dividir a propriedade em áreas homogêneas (com características semelhantes) e, em relação ao sistema de avaliação, o agricultor deve optar pelo método que julgar mais conveniente (visual, por amostragem etc.).

Na fase de avaliação se realiza o diagnóstico, feito a partir dos resultados obtidos durante o monitoramento. Neste momento é possível saber quais as plantas daninhas presentes na área, a quantidade, a proporção da infestação, a localização, enfim, as informações necessárias para partir para a próxima etapa, que é planejar.

E nas demais?

Com todas as informações reunidas e o diagnóstico feito, o produtor está pronto para planejar as ações a serem executadas. Ele deve contemplar as peculiaridades de sua propriedade, levando em conta a utilização integrada dos métodos de controle disponíveis, como o preventivo, que presume a limpeza das beiras das estradas, caso a propriedade seja próxima a estes locais, pois pode haver a disseminação de sementes de plantas daninhas. Além disso, ele deve ter cuidado e adquirir sementes isentas de espécies invasoras.

Outro aspecto a ser considerado é o uso do método cultural, que se baseia em características das culturas que por si só ajudam a controlar as plantas daninhas, ou a adoção de práticas que favoreçam esse controle, como a rotação de culturas. Os produtores também devem planejar a utilização do manejo mecânico, principalmente a retirada das plantas daninhas com a enxada, caso ainda restem algumas após a aplicação de produtos, na operação denominada de repasse. Por fim, existe o controle químico, que deve contemplar a seleção dos herbicidas que serão aplicados, bem como as dosagens e épocas de uso. Vale lembrar que para culturas perenes deve ser feito no mínimo um planejamento por ano e para as demais, pelo menos dois por ano, sendo um para culturas de primavera/verão e outro para as de outono/inverno.

Depois disso, é partir para a ação e colocar em prática o que foi planejado.

Quais culturas mais sofrem com a resistência?

Vale ressaltar que muitas culturas têm sofrido com as plantas daninhas resistentes, mas os casos mais frequentes ocorrem no sistema de produção de grãos como soja, trigo e milho, sendo a soja a mais afetada.

Na soja, além da buva, há alguma outra planta daninha que preocupe o produtor?

A soja é a cultura que apresenta o maior número de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Isso se agravou a partir dos anos 90, com a introdução da soja geneticamente modificada, quando apareceram também os primeiros casos de resistência ao glifosato. Hoje, temos no Brasil o relato da existência de cinco espécies resistentes a esse herbicida e, sem dúvida, a buva é a planta daninha que mais tem preocupado o sojicultor.

Com a adoção do manejo integrado é possível dizer que a cultura estará livre das plantas daninhas?

Se existe alguma possibilidade de controle satisfatório, certamente é por meio da implementação do manejo integrado de plantas daninhas, pois tanto a pesquisa quanto a prática mostram isso. Se fizermos uma avaliação no campo para verificar quais os produtores têm menos problemas de mato-interferência, certamente constataremos que são os que adotaram o manejo integrado. Mesmo assim, o controle é complicado, pois as plantas daninhas talvez sejam um dos maiores problemas da agricultura mundial.

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