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Pesquisas agropecuárias barateiam preço da carne suína e avícola


Em poucos setores, a pesquisa agropecuária foi tão decisiva quanto na suinocultura e avicultura. Em três décadas, as duas atividades saíram praticamente do zero para ocupar um lugar de destaque no setor primário brasileiro. Com investimento público e privado, a pesquisa agropecuária trouxe ganhos principalmente para o consumidor. Para perceber isso, basta observar o preço do quilo do frango. No início dos anos 70, um quilo valia em torno de R$ 5,00. Hoje, fica pouco acima de R$ 1,00.

Suinocultura e avicultura seguiram caminhos diferentes. A avicultura industrial chegou no Brasil na metade dos anos 60, quando a Sadia trouxe dos Estados Unidos o modelo de integração vertical. O pacote tecnológico importado pela Sadia incluía o material genético, sistema de criação, equipamentos, rações e modelo de assistência técnica ofertado aos produtores. Já na suinocultura, a integração veio mais tarde e os pacotes tecnológicos desenvolvidos por órgãos públicos tiveram mais influência.

A Embrapa Suínos e Aves de Concórdia, único centro de pesquisa público especializado em avicultura e suinocultura do país, fez uma pesquisa e para avaliar a contribuição que prestou ao desenvolvimento dos dois setores. A conclusão, baseada na opinião de dirigentes das agroindústrias, foi de que somente a Embrapa respondeu por 20,3% do progresso técnico da avicultura e por 40% da evolução da suinocultura, equivalentes a mais de R$ 100 milhões por ano.

Entender como a pesquisa mudou a avicultura é muito simples. Nos anos 70, um frango demorava em média 90 dias para ficar pronto para o abate. O melhoramento genético das aves fez com que o prazo para o abate diminuísse para 42 dias, uma conquista fabulosa do ponto de vista econômico. Para que os frangos pudessem desenvolver todo o potencial genético, evoluíram em conjunto a alimentação, a sanidade e o controle do bem-estar animal.

Para Dirceu Talamini, economista e chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, a avicultura é o grande exemplo do que o desenvolvimento tecnológico pode fazer por um setor. "Boa parte da evolução do setor foi financiado pelas agroindústrias e o investimento público contribuiu garantindo a sanidade, por exemplo. Na soma dos esforços, o Brasil conseguiu em 30 anos alcançar o posto de segundo maior produtor do mundo".

A principal marca da pesquisa agropecuária na suinocultura está na revolução genética ocorrida na metade dos anos 90. A partir de 94, todas as agroindústrias passaram a pagar a bonificação da carcaça, forma encontrada para remunerar melhor os produtores que produzissem mais carne e menos gordura. A partir dessa decisão, iniciou uma corrida em busca de suínos que oferecessem um percentual de carne magra maior. Foi assim que nasceu a geração "light" de suínos, criada tanto por empresas privadas quanto por órgãos de pesquisa públicos. Por conta deste salto tecnológico, a suinocultura brasileira conseguiu no ano passado firma-se como a terceira maior do mundo.

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