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Pesquisas com sementes de soja comum terão investimento de R$ 1 milhão

Primeiros resultados sairão em dois ou três anos


Cerca de R$ 1 milhão vão ser aplicados nos próximos anos em pesquisas e divulgação sobre o desenvolvimento de sementes de soja comum, para atender à demanda do produto por consumidores mais exigentes no mercado internacional.

As entidades que participam do projeto vão trabalhar em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que conta com o maior banco ativo de germoplasma (material genético com grande variabilidade) do mundo para o desenvolvimento de cultivares (plantas cultivadas com determinadas características) de grãos para regiões tropicais.

As pesquisas sobre a soja não modificada geneticamente vão ser feitas pelo Programa Soja Livre, lançado nesta terça-feira (09-11) na sede da Embrapa. Vão participar 11 entidades ligadas aos produtores de soja, entre elas a Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange).

Os primeiros resultados de produção de sementes de soja comum sairão em dois ou três anos. Inicialmente, serão atendidas pelo programa as regiões de Mato Grosso que plantam a soja tradicional.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira da Silva, todos os tipos de soja – comuns ou transgênicas – são importantes, em suas variedades, mas é preciso atender à demanda específica dos consumidores.

Ele explica que a soja comum tem um pouco mais de valor agregado e, além disso, as trading (companhias comerciais que fazem negócios com os países importadores) fazem as aquisições com base na certificação do produto, que hoje é feito por sete empresas no país. Silva lembrou que o Brasil é "o único país que pode oferecer a soja tradicional em larga escala", daí a importância das pesquisas.

Calcula-se que a demanda por soja vá aumentar em 100 milhões de toneladas de grãos dentro de poucos anos. O presidente da Aprosoja defendeu o papel da Embrapa à frente de pesquisas pois "existe toda uma estrutura de multinacionais que trabalham no planejamento do agronegócio visando o futuro".

Segundo os pesquisadores, conhecer cada vez mais o desenvolvimento e o plantio da soja é uma demanda real em função das situações climáticas diversas e da necessidade do uso de espécies de sementes próprias para o plantio em cada lugar do país. “Por isso, é recomendável a criação de novas cultivares”, disse o presidente da Abrange, César Borges de Souza.

Outra razão para o investimento em pesquisas com soja convencional é o risco que há com a redução da oferta. O segundo maior produtor de soja do mundo, os Estados Unidos, oferece apenas 10% de soja convencional. Já o Brasil vem reduzindo em 10% ao ano a oferta da soja comum. Para o coordenador do Programa Soja Livre, Ivan Paghi, se a situação não for invertida, dentro de cinco anos, o país estará "na mesma situação dos americanos".

No ano passado, o Brasil produziu 60% de soja transgênica e 40% da comum. A produção mundial de todas as variedades é de 260 milhões de toneladas por ano e, só na América do Sul, chega a 134 milhões de toneladas. Os Estados Unidos produzem 91 milhões de toneladas e o Brasil algo próximo a 69 milhões de toneladas. Entre os estados brasileiros, Mato Grosso produz 18,7 milhões de toneladas e o Paraná 14,1 milhões de toneladas de soja.

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