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Petrobras quer ter 4 terminais no exterior para escoar álcool

A empresa está estudando a construção de quatro terminais marítimos de álcool nos países de desembarque do combustível


Com o desafio de ampliar a produção de etanol já encaminhado, as atenções se voltam agora para as soluções de escoamento dos produtos. Além da construção de alcooldutos ligando as regiões produtoras aos portos, a Petrobras está estudando a construção de quatro terminais marítimos de álcool nos países de desembarque do combustível.

Os primeiros países que estão sendo avaliados são China, Caribe, Japão e Estados Unidos, afirmou nessa terça-feira (05-06) o presidente da Transpetro, Sérgio Machado. A Transpetro é a subsidiária de logística da Petrobras.

"Não basta colocar o álcool no navio aqui, precisamos de estrutura pra desembarcar na outra ponta", explica Machado, que não divulgou os valores previstos de investimento por se tratar de projetos ainda em estudo.

A Petrobras investirá na construção de um alcoolduto que ligará Senador Canedo (GO) ao porto de São Sebastião (SP). Mas o projeto já encontra resistência dos usineiros, que querem ser sócios da estatal para evitar a formação de um monopólio na exportação de álcool. "Estamos abertos a parcerias. Neste momento de oportunidade para o Brasil, todos devem estar juntos, e não disputando", amenizou o presidente da Transpetro, sem revelar se aceitaria ter sócios no alcoolduto. A Petrobras planeja atingir uma capacidade de exportação de 12 bilhões de litros de álcool por ano. Atualmente, a estatal pode movimentar até dois bilhões de litros.

Já o governo do Estado de São Paulo começou nessa terça-feira a negociar com a ALL Logística, que opera as ferrovias paulistas, a possibilidade de a companhia fazer investimentos na melhoria da malha ferroviária estadual para aumentar a utilização dos trens no escoamento do álcool.

De acordo com o vice-governador paulista e secretário de Planejamento, Alberto Goldman, representantes de São Paulo tiveram ontem uma primeira reunião com executivos da ALL na sede da empresa, em Curitiba (PR). "Os trens andam em São Paulo a uma média de 10 a 20 quilômetros por hora, o que dificulta a utilização das ferrovias para a exportação de etanol", afirma o secretário.

Segundo Sérgio Machado, o custo logístico da exportação do etanol é hoje de 20% do preço nos embarques para os Estados Unidos e de 30% no caso do Oriente Médio e da Ásia. "Precisamos baixar esse custo para patamares próximos de 10%", calcula.

Soros e as tarifas

Apesar dos desafios logísticos internos, o megainvestidor George Soros vê que o grande empecilho para o desenvolvimento do mercado mundial de etanol está nas sobretaxas cobradas pelos países desenvolvidos sobre o biocombustível de países mais pobres.

Soros está no Brasil visitando seus investimentos na produção de etanol. "Confesso que sou um especulador. Estou especulando que essas questões de marco regulatório e tarifas serão resolvidas", disse Soros ontem ao participar do Ethanol Summit.

A empresa de Soros para investimentos em agronegócio na América do Sul, a Adecoagro, investirá US$ 900 milhões para a construção de três usinas de álcool no Mato Grosso do Sul. Somada à mineira Usina Monte Alegre, cujos donos viraram sócios da Adecoagro em 2005, a companhia pretende atingir a moagem de 11 milhões de toneladas de cana em 2005.

Coopersucar

Para o Brasil ampliar a produção de etanol e manter a liderança no mercado mundial do combustível é fundamental desenvolver um sistema de alcooldutos de forma integrada com outros modais. A afirmação é do diretor de operações da Coopersucar, uma das maiores comercializadoras de açúcar e álcool do país, Diogo Galhardo, que afirmou ser possível uma economia de 40% com a interligação de dutos com ferrovias e hidrovias, para exportação, e 25% de redução para o mercado interno. "A logística é um fator determinante para o desenvolvimento dos negócios com álcool", diz o presidente.

Segundo cálculos da Coopersucar, a demanda potencial de importação de etanol para o período da safra 2012 e 2013 deverá chegar entre 12 e 16 m³. Para Galhardo, o Brasil poderá abocanhar cerca de 9 m³ deste total. "Para que isso ocorra, as melhorias em infra-estrutura precisam ser implementas desde já", conta.

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