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Plano Brasil sem Miséria realiza oficinas no Norte de Minas

A visita faz parte das ações do Plano Brasil sem Miséria e foi realizada para compartilhar conhecimentos e informações tecnológicas para condução de UAs


Comunidades rurais do Território da Cidadania Serra Geral, no Norte do Estado de Minas Gerais, receberam mais uma visita da equipe da Embrapa Milho e Sorgo e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas (Emater-MG), em setembro deste ano. A visita faz parte das ações do Plano Brasil sem Miséria e foi realizada para compartilhar conhecimentos e informações tecnológicas para condução de Unidades de Aprendizagem (UAs).

Os municípios visitados foram Mato Verde, Janaúba e Verdelândia, onde foram realizadas três oficinas. Os temas abordados foram: Sistema Integrado para Produção de Alimentos - Sisteminha Embrapa; Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS); e Sistema Alternativo de Criação de Aves Caipiras (SACAC). Além da apresentação teórica sobre as tecnologias, foram realizadas dinâmicas e discussões sobre a importância e os benefícios da produção e do consumo de alimentos saudáveis.

Segundo o coordenador do Programa Brasil Sem Miséria na Embrapa Milho e Sorgo, Fredson Ferreira Chaves, os participantes visitaram as propriedades dos agricultores que receberam os materiais e as informações necessárias para a implantação das tecnologias, acompanhados também de técnicos extensionistas da Emater-MG. "Todos puderam ver, na prática, o passo a passo para a construção e a viabilização de cada sistema produtivo", disse Chaves.

Sisteminha Embrapa

A relações públicas da Embrapa Milho e Sorgo, Mônica Aparecida de Castro, relata que durante toda da visita houve uma participação efetiva dos agricultores familiares: "O treinamento para a implantação do Sisteminha foi realizado na propriedade do Sr. José Cardoso Farias, na Comunidade de Sítio Novo, em Mato Verde. E quem conduziu a oficina foi outro agricultor, Sr. José Maria do Nascimento Santos".

Segundo Mônica, há cerca de quatro anos, Sr. José Maria implantou o Sisteminha em sua propriedade, em Parnaíba, no Piauí, e está muito satisfeito com o resultado. Esta Unidade de Aprendizagem recebe grupos de agricultores para ensinar como implantar o Sisteminha e possui, inclusive, estrutura para hospedar os agricultores.

"O Sr. José Maria é pescador por profissão, mas sem conseguir o suficiente para melhorar a alimentação da sua família, teve a ideia de criar peixes. Procurou a Embrapa Meio-Norte e conheceu o Sisteminha. "Hoje ele cria peixe, galinha caipira, porquinho da índia e codorna. Cultiva milho, alface, couve, feijão, abóbora e frutas. E comercializa tomates, peixes, porcos e ovos", informa Mônica.

"Quase tudo que eu preciso para sobreviver o Sisteminha me dá. O Sisteminha foi uma coisa que mudou a minha vida 100%. Trouxe para mim e para minha família muita benfeitoria. Muita coisa boa pra nós, graças a Deus. Fartura e felicidade. Trouxe muito trabalho, mas a gente só tem as coisas com trabalho", conta José Maria. "Antigamente eu não podia nem ter ovo de galinha e hoje eu estou comercializando ovo de galinha através do Sisteminha", relata o Sr. José Maria.

Mônica Castro ressalta que a experiência de levar um agricultor para fazer o seu relato sobre os benefícios e ensinar o passo a passo para a adoção de uma tecnologia foi bastante positiva na opinião dos participantes das oficinas. Ela nos conta que o extensionista da Emater de Santo Antônio do Retiro, Sérgio Moreira dos Santos, comentou que "trazer o agricultor foi excelente. Serve de exemplo para os outros e empolga muito mais".

O "Sistema Integrado para Produção de Alimentos-Sisteminha Embrapa" foi desenvolvido pelo pesquisador Luiz Guilherme, da Embrapa Meio-Norte, localizada em Teresina-PI. Trata-se de um conjunto de práticas e processos de produção que possibilita a criação de peixes e de outros pequenos animais, o cultivo de hortaliças e de frutas e a produção de compostagem.

O Sisteminha Embrapa permite que o agricultor plante e colha periodicamente. Monica Castro relatou que o Sr. José Maria transplanta o milho toda semana: "Para isso, ele prepara uma sementeira com vinte e cinco sementes de milho, e quando a muda já está pronta, transplanta para o solo. Isso também é feito com outras culturas, sendo que para cada uma delas o período de repetição do plantio vai variar. Dessa maneira, a colheita também é permanente", disse.

Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS)

Outra tecnologia adotada nas comunidades foi o Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS). Segundo Fredson Chaves, O PAIS possibilita o cultivo de hortaliças e de frutas e a criação de pequenos animais com bases agroecológicas. Não há adoção de agroquímicos, visando conservar os recursos naturais, respeitar a cultura e os costumes locais, estimular a diversificação da produção e eliminar o desperdício.

"O PAIS é um sistema de hortas circulares com uma estrutura central para criação de galinhas, por exemplo. Possibilita o aproveitamento da água da chuva e os resíduos dos pequenos animais e dos restos vegetais para a adubação do solo", explica o coordenador do projeto.

Chaves acrescenta que o Sistema piloto, que servirá de Unidade de Aprendizagem desta tecnologia, teve sua implantação iniciada na propriedade do Sr. Olegário Teodoro da Luz, na Comunidade de Paus Altos, em Janaúba, MG.

Sistema Alternativo de Criação de Aves Caipiras

Chaves explica que o Sistema Alternativo de Criação de Aves Caipiras consiste em técnicas para a criação de aves utilizando pastejo rotacionado com divisão de áreas para cada etapa de produção: cria, recria, engorda e reprodução.

"Neste sistema, as aves recebem ração balanceada e são criadas soltas em piquetes, onde fazem exercícios e complementam a sua alimentação com plantas forrageiras, frutos, restos de colheita e de culturas, além dos insetos e das minhocas. O Sistema será construído na propriedade do Sr. Jair Alves Barbosa, na comunidade Boa Sorte, em Verdelândia", diz Chaves.

Trabalho em família

Fredson Chaves ressalta a importância dos trabalhos já realizados e a necessidade de programar ações futuras. "Desde 2011, estão sendo feitas ações para a implantar Unidades de Aprendizagem em mais de 30 propriedades no Território da Serra Geral. Espera-se que cada agricultor, que adote os sistemas produtivos apresentados, seja um multiplicador do conhecimento para beneficiar outros agricultores e comunidades próximas", frisou.

Ele destaca também o trabalho em família. "Agradecemos ao Sr. Jair, que é dono da propriedade com a sua esposa, Dona Eva, e a participação da família. Vocês lembram que o Sr. José Maria deixou isso muito claro: é importante o envolvimento da família, dos filhos. É com a união das famílias que vocês vão ter bons resultados também", ressaltou.

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