Planta nativa da caatinga tem boa qualidade forrageira
A disponibilidade de uma forragem com os níveis nutricionais e a resistência à seca dessa espécie nativa, aumenta a capacidade de suporte dos animais nas propriedades
A descoberta aconteceu depois de uma boa observação dos hábitos alimentares espontâneos dos animais nas áreas secas do Nordeste, feita pelos pesquisadores da Embrapa Semiárido. Nesses estudos, os pesquisadores puderam perceber uma planta que se destacava como um verde “exuberante” numa paisagem em que a vegetação se encontrava já totalmente seca em municípios do sudoeste da Bahia. Nessa análise, os técnicos identificaram plantas com potencial forrageiro para cultivo pelos agricultores, e entre elas Pustumeira, uma espécie de arbusto, comum na zona do sertão e que é muito apreciado como opção de forragem para a caprino-ovinoculutra.
As plantas de pustumeira vegetam em áreas próximas a encosta de estrada com solo cheio de pedregulhos e de baixa fertilidade. Levada para análise no Laboratório de Nutrição Animal, constatou-se outra qualidade importante em uma planta forrageira: altos níveis de proteína na folha e caule. “A espécie ainda é muito palatável, o que significa dizer que os animais consomem sem qualquer dificuldade, pastejando diretamente no campo”, explica Francisco Pinheiro de Araújo, pesquisador da Embrapa Semiárido.
A planta é bem adaptada aos rigores climáticos do semiárido, podendo ser implantada em áreas já desmatadas e que estão em descanso nas propriedades. No processo de estudos, a espécie ainda é considerada em processo de domesticação. Os pesquisadores e técnicos realizam vários testes de campo em diferentes ambientes e em laboratórios a fim de estabelecer a melhor maneira de seu uso nos sistemas de produção pecuário no sertão nordestino.
A disponibilidade de uma forragem com os níveis nutricionais e a resistência à seca dessa espécie nativa, aumenta a capacidade de suporte dos animais nas propriedades. Os resultados já obtidos nos testes animam o pesquisador a estimular o plantio pelos agricultores. Segundo ele, já se sabe que a melhor maneira de cultivo é por meio de mudas, que pode ser feita de modo bem simples. Um galho ainda verde, com 15 cm de comprimento e pelo menos quatro gemas é o bastante para o plantio em sacos plásticos. A brotação e a formação de raízes ocorrem após 35 dias. Sessenta dias depois, as mudas estarão prontas para serem levadas ao campo. O ideal é que este período coincida com o início das chuvas.
A primeira colheita já pode ser feita cerca de 6-7 meses após o plantio. Neste momento, é comum a vegetação da caatinga se encontrar em adiantado estado de seca. Em apenas hum hectare, sob o espaçamento de 1,0 m nas linhas e 0,5 m entre as plantas é possível colher até 5 toneladas de matéria seca. “É uma produção muito boa” para uma espécie rústica que pode ser cultivada nos mais variados tipos de solo da região semi-árida, especialmente, nas áreas de pousio, além de apresentar a vantagem de ser uma espécie perene.