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Planta nativa do Cerrado pode salvar bioma

Produtividade do solo pode voltar


A leguminosa Cratylia argentea, abustiva conhecida como camaratuba, tem um grande potencial para restaura a fertilidade do solo do Cerrado reagindo a fatores abióticos, como fogo e seca, bem como bióticos, como ataque de formigas. É o que conclui recente estudo realizado pela Embrapa Milho e Sorgo.

“Podemos caracterizar a Cratylia argentea como uma ‘ilha de biodiversidade’ por hospedar ao longo de todo o ano muitos artrópodes e seus agentes de controle biológico. Sua presença em sistemas de transição agroecológica pode também favorecer o repovoamento de áreas em transição e degradadas do Cerrado com a dispersão desses agentes para o seu entorno”, afirma o pesquisador da Embrapa Walter Matrangolo, que coordena os estudos.

A espécie mostra grande potencial para a suplementação alimentar do gado na estação seca. De acordo com Matrangolo, o valor nutritivo é maior que da maioria das outras leguminosas arbustivas adaptadas aos solos ácidos. “A cratília tem utilidade em sistemas de produção como fonte de proteína para ruminantes principalmente durante a estação seca, seja na forma de forragem fresca, silagem seja em sistemas de pastejo direto. Essa leguminosa tem mostrado ainda muitas vantagens, como alta retenção foliar e boa capacidade de rebrota durante a época de estiagem, uma das suas principais características.”

Os resultados preliminares da Embrapa sobre a cratília mostram que a planta tem potencial para favorecer a população de agentes de controle biológico de insetos fitófagos. Um dos exemplos é a largata-do-cartucho. Os agentes podem fornecer alimento para abelhas no período da seca, quando está em florescimento, entre Abril e Setembro.

A leguminosa também traz fixação biológica do nitrogênio atmosférico no solo, o que aumenta a produtividade sem a necessidade de uso de adubos nitrogenados. Segundo Walter Matrangolo, a Cratylia argentea produz cerca de 200 quilogramas de nitrogênio por hectare nos primeiros dois anos e pode chegar a fornecer 300 quilos por hectare no terceiro ano, numa densidade de plantio de 7,5 mil plantas por hectare. “A baixa fertilidade natural dos solos limita a produtividade dos sistemas agrícolas no Cerrado, onde a degradação de pastagens é um problema que atinge cerca da metade dos 60 milhões de hectares”, explica o pesquisador.

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