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Plantio consorciado é opção para pequenos agricultores de Ipiaú/BA

Os produtos florestais constituem hoje uma economia viável, além de ter um retorno rápido e seguro, quando consorciado com o cultivo de lavouras e frutas


Tomate, pimentão, jiló e maracujá produzidos por Antonio de Jesus Nascimento, 64 anos, são os hortifrutis mais procurados na feira de Ipiaú, Sul da Bahia. Antonio foi um dos primeiros feirantes a armar sua barraca no local. “Tô aqui há mais de 20 anos”, contou o pequeno produtor, ao explicar o sucesso com a freguesia. “Eu faço tudo com amor e não uso nenhum veneno [agrotóxico]. Todo mundo me procura e conhece a qualidade da minha verdura”, garantiu.

Antonio Nascimento é uma das 1,2 mil pessoas que vivem na Fazenda do Povo, uma área desapropriada desde 1963, pelo então prefeito da cidade Euclides Neto. A iniciativa motivou trabalhadores desempregados à época, devido a grande seca que atingiu a região. A Fazenda do Povo abrange uma área de 180 hectares e fica a 11 quilômetros de Ipiaú. “Eu não tinha terreno e nem podia comprar nada, por isso vim pra cá procurar um trabalho e consegui”, contou.

Em visita a região, o secretário do Meio Ambiente, Juliano Matos, destacou a importância da atividade agrícola associada à políticas florestais. De acordo com Matos, a iniciativa garante trabalho e renda às comunidades locais e conserva a Mata Atlântica que existe na região. “Os produtos florestais constituem hoje uma economia viável, além de ter um retorno rápido e seguro, quando consorciado com o cultivo de lavouras e frutas. É o ecosocialismo acontecendo”, salientou.

Na oportunidade, o secretário sinalizou a possibilidade de um convênio com a prefeitura de Ipiaú para implantar na Fazenda do Povo o Programa Pólo Florestal Sustentável, que utiliza áreas já desmatadas para implantar florestas planejadas em mosaicos com a vegetação nativa. A proposta é contribuir para a conservação da biodiversidade regional, associada ao aumento de produtos florestais (estacas, madeira serrada) e biomassa (lenha e carvão).

O programa também cria oportunidade para atração de novos investimentos, a exemplo de empreendimentos moveleiros, beneficiamento de alimento, setor de madeiras sólidas (serrados, lâminas e compensados) e serviços, além de diminuir a pressão sobre a vegetação nativa.

Para Antônio, a alternativa econômica vai garantir o sustento da família, que está crescendo. “Quando eu comecei, era só eu e minha mulher, hoje temos quatro filhos e ainda sete netos para criar. Só com o tomate, pimentão e maracujá não vai dar”, contou.

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