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Plantio fora de época favorece ataque de pragas


A insistência de produtores de algumas culturas, principalmente de algodão e de soja, em alterar os períodos de plantio começa a gerar queixas de agricultores vizinhos e a preocupar os órgãos oficiais de controle de sanidade vegetal. Só este mês, o assunto foi tratado por representantes da Delegacia Federal de Agricultura e da Agência Rural em duas reuniões com técnicos do Ministério da Agricultura e de outros órgãos em Brasília.

O problema vem motivando conversação também entre técnicos da DFA e produtores de algodão irrigado, na região de Itaberaí, em Goiás, em busca de acordo. Já em dois outros municípios, as notícias são de agricultores que plantaram fora do prazo recomendado. O coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Estado, Aderivaldo Alves Vilela, diz ter notícia de plantio fora do calendário por cerca de dez produtores do município de Morrinhos. Em Silvânia, lavoura irrigada de soja pode ter favorecido o ataque de pragas em várias plantações vizinhas.

Algodão tem calendário obrigatório por lei, como uma das medidas contra a mais temível praga da cultura, o bicudo. Para as outras espécies, há apenas recomendação técnica. Diferenças climáticas entre uma e outra microrregião, mesmo vizinhas, dificultam adoção de período único. A briga de técnicos e produtores mais atentos aos riscos é contra a flexibilidade excessiva de datas.

Para esticar ao máximo o tempo de uso do pivô e do solo, durante o ano agrícola, o plantio de uma safra é antecipado e o seguinte é atrasado, de modo a ser possível encaixar outra lavoura no calendário, entre o cultivo de uma e outra. Com a produção continuada, o solo fica praticamente todo o tempo coberto e protegido da erosão. A vantagem econômica é também evidente, pelo menos de início. Mudança exagerada no calendário pode provocar o aumento de inimigos naturais da cultura, que vão comer o lucro adicional.

Soma de cuidados

O controle de pragas e doenças nas lavouras envolve uma série de procedimentos que se completam. Sozinho, o defensivo químico não protege as plantas. Às vezes, nem deve fazer parte da receita contra o ataque do inseto ou fungo. As medidas geralmente recomendadas começam com a escolha de uma espécie vegetal de família diferente das cultivadas no último ano de cultivo.

É a rotação de culturas, para evitar a transferência de inimigos da plantação anterior, que tenham permanecido no local, para a nova lavoura. Do contrário, o ataque seguinte, tende a ser maior, porque eles terão se multiplicado. Para fortalecer a defesa, deve-se caprichar no preparo do solo. Hora das ações de conservação como as curvas de nível ou terraços, correção da acidez e adubação como indicar o resultado da análise. Depois, vem a escolha de sementes resistentes ou tolerantes às principais doenças da cultura.

O cuidado seguinte é com a escolha correta do período de plantio. O calendário recomendado pelos técnicos leva em conta as condições climáticas da microrregião e a necessidade de evitar que, ao ser feito o plantio, ainda haja por perto alguma lavoura da mesma família vegetal ou, pior, da mesma espécie.

Ao oferecer à praga o alimento de sua preferência, sem interrupção, o agricultor comete grave erro, com prejuízos para si e para os agricultores vizinhos. Pode até comprometer o futuro de uma variedade ou de uma cultura em determinada região. O assunto é tão sério, adverte Aderivaldo Vilela, que foi estabelecido o calendário obrigatório para cultivo de algodão, para conter o avanço do bicudo. Infrações podem ser encaminhados ao Ministério Público. A punição, entretanto, inclusive com ônus por danos econômicos a terceiros, ainda espera que a Assembléia Legislativa aprove o texto de regulamentação da lei.

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