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Pleito em MT: Sojicultores cobram melhorias urgentes na logística do país


Portos estrangulados, filas de caminhões nas estradas e em pátios e soja desvalorizada

Mato Grosso está colhendo uma safra recorde de soja, cerca de 23,5 milhões de toneladas, e toneladas de problemas decorrentes da precária infraestrutura de armazenagem e transporte. Seria uma ótima notícia se toda esta produção não enfrentasse uma enorme dificuldade para chegar ao seu destino. Nas últimas semanas, o que se viu no Brasil foi um caos logístico. Portos com capacidade de armazenagem e embarque esgotados, filas de caminhões aguardando para embarcar em terminal ferroviário e muitos caminhões nas estradas do Estado. “O que estamos vivendo não é exatamente uma novidade. Há anos falamos sobre isto, alertamos os governos sobre a necessidade de investimentos nas estradas e em outros modais para o transporte da safra brasileira”, disse o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Carlos Fávaro.


Há dez dias uma trading chinesa anunciou o cancelamento da compra de 600 mil toneladas de soja brasileira, porque não conseguia embarcar a carga no porto de Santos (SP). Em entrevista à agência de notícias Reuters no dia 19, um gerente do grupo Sunrise, maior trading chinesa de soja, disse que haverá um grande volume de importações de abril a junho. “Nós não receberemos as cargas congestionadas nos portos. Primeiramente, é um default {omissão} por parte do fornecedor por não embarcar no prazo”, afirmou à agência.

A atitude chinesa acendeu um alerta para o mundo. As tradings diminuíram as compras de soja de Mato Grosso, que é o maior produtor de grãos do Brasil, preocupadas em não conseguir escoar a produção. Para Fávaro, que também é presidente do Movimento Pró-Logística, uma solução seria melhorar as condições de escoamento para o norte do país. “Temos os portos do Arco Norte, nos estados do Maranhão, Amazonas, Pará e Amapá, que poderiam receber a produção de Mato Grosso. Mas, para isto, é preciso investir nos terminais e também na BR-163, que fica quase intransitável em períodos chuvosos”, explicou Carlos Fávaro.

No sul de Mato Grosso, os caminhões congestionam o tráfego na BR-364, no entreposto da América Latina Logística (ALL), concessionária da ferrovia Senador Vicente Vuolo, porque não conseguem descarregar para a carga seguir de trem. Segundo a empresa, a capacidade é de 1.200 descargas por dia, mas o volume de caminhões é maior do que isso. E como não há espaço suficiente no pátio de estacionamento da ALL, os caminhões acabam ficando na pista.

O delegado da Aprosoja/MT em Alto Taquari, Arthur Flumian Braga, relatou alguns problemas ocasionados por estes atrasos. “Além da desvalorização da soja por causa deste caos logístico, em nosso município sentimos o desabastecimento de dinheiro nos caixas eletrônicos e o atraso na entrega de encomendas, por exemplo. Isso porque os caminhões de que vêm de Cuiabá não conseguem chegar às cidades”, informou. O Ministério Público Federal já pediu providências da ALL em relação aos frequentes congestionamentos.


REFLEXO – Como aponta o Boletim Semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), pela primeira vez nesta safra, o cenário atual registra prêmio negativo ao porto de Paranaguá. “A boa oferta da América do Sul, aliada à situação caótica da logística brasileira implicou em prêmios negativos a partir de março de 2013, o que não ocorria desde 2008”.

O prêmio, que atingiu seu máximo no ano de 2013 em fevereiro, de 38 pontos, chegou a registrar -24 na última quinta-feira, véspera de feriado. Quando o prêmio atingiu seu máximo, o acréscimo sobre o preço da saca de soja era de R$ 1,64. Com a redução ocorrida no período e fazendo-o negativo, quando sua mínima foi atingida, o decréscimo na saca foi de R$ 1,03. Além da redução nos preços ocasionada pela queda no mercado internacional frente às positivas expectativas de plantio nos Estados Unidos, soma-se esse decréscimo no prêmio pago pelos portos.

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