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Pode faltar algodão no mercado interno

A expectativa agora é que a safra 2006/07 não seja mais superior à 2004/05


A reversão dos preços do algodão no mercado externo fez com que os produtores brasileiros diminuíssem o ímpeto de aumento da área cultivada. Com cerca de 90% do plantio realizado, a expectativa agora é que a safra 2006/07 não seja mais superior à 2004/05. Se as previsões de exportação se confirmarem, poderá faltar algodão para o mercado interno.

Em setembro, analistas de mercado e associações de produtores apostavam em um aumento de área que podia chegar a 25% - com exceção de São Paulo e Paraná, cujos cultivos seriam menores. Mas, quando o plantio começou, a expectativa não se confirmou. Todas as análises eram feitas na euforia dos preços do produto, que chegaram a picos de US$ 0,58 por libra-peso em junho, ocasião em que muitos cotonicultores fecharam posições para exportação.

A partir dali, as cotações começaram a cair, batendo US$ 0,48 a libra-peso em novembro, justo no momento em que boa parte da lavoura estava sendo semeada. "A retomada aos níveis de 2004/05 será parcial e não total", avalia Miguel Biegai Júnior, analista da Safras & Mercado. Antes, a instituição acreditava em um cultivo de 1 milhão de hectares. Agora espera, no máximo, 950 mil hectares.

Na safra passada foram 806 mil hectares e em 2004/05 foram 1,1 milhão de hectares. Com esse plantio, Biegai Júnior avalia que a colheita brasileira de algodão chegue a 1,1 milhão de toneladas ante às 948 mil toneladas no ano passado e 1,2 milhão de toneladas na safra 2004/05. Na avaliação da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o plantio deverá ficar quase 80 mil hectares superior ao estimado pela consultoria. "Grande parte do cultivo foi influenciada pelos negócios futuros", avalia o diretor-executivo da Abrapa, Renato de Freitas.

Apesar de uma produção maior, o analista diz que poderá faltar algodão no mercado interno. Até o momento foram contratadas 506 mil toneladas de algodão para exportação, o equivalente a 46% da colheita estimada. Na safra anterior foram exportadas 380 mil toneladas, que representaram 40% da produção. Opinião diferente tem Freitas. "Vamos suprir o mercado interno, mas a diferença é que com a antecipação da comercialização, o preço da pluma vai subir", diz. Além disso, ele acredita em uma redução no consumo da indústria.

De acordo com o analista, os preços em queda no segundo semestre fizeram com que muitos produtores trocassem o algodão por soja e cana-de-açúcar. Como não foram todos os produtores que travaram posição com US$ 0,60 a libra-peso - 30% das negociações foram feitas no primeiro semestre ou em 2005, quando as cotações estavam inferiores - Biegai Júnior acredita que, no momento da colheita os produtores venham a solicitar a intervenção do governo no mercado. Na última safra, o subsídio estatal possibilitou o cumprimento dos contratos de exportação.

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