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Pode sobrar 11 bilhões de litros de etanol em 2012

Exportar aos EUA e Japão será essencial para absorver os excedentes da produção


O Brasil terá que exportar entre 10 bilhões e 11 bilhões de litros de álcool combustível na safra 2012/13 para escoar o excedente da produção prevista. A projeção feita até agora pela União da Agroindústria Canavieira (Unica) é que as vendas externas em quatro anos atingirão 5,5 bilhões de litros. E, se nos próximos anos, o Brasil não conseguir forçar - com negociações ou contenciosos na Organização Mundial do Comércio - a abertura do mercado externo, sobretudo o americano e o europeu, o setor sucroalcooleiro terá que adaptar sua produção.

Segundo projeções da Unica, na safra 2012/13 a produção de álcool no Brasil será de 36 bilhões de litros, considerando o adicional trazido pelos projetos de 86 usinas em fase de implantação, conforme explica o assessor da presidência da Unica, Alfred Szwarc. "Essa projeção não considera os outros 61 projetos anunciados e não mensurados", acrescenta Szwarc. Já o consumo interno de álcool, que em 2006 foi de 14 bilhões de litros, está projetado pela entidade em 25 bilhões de litros em quatro anos. "Precisamos da exportação como destino do excedente de 10 bilhões e, os Estados Unidos, com seus subsídios e barreiras dificultam nossa entrada", pontua Szwarc.

Para a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Miriam Bacchi, as projeções da Unica mostram que é preciso trabalhar mais a demanda pelo álcool para criar mercado. Segundo ela, entre as saídas para esse cenário, está o uso alternativo no mercado interno e aprospecção do externo. "Se a demanda não crescer na mesma proporção da produção de álcool, os preços indicarão isso e, o usineiro pode moer menos para equilibrar o mercado. Mas o foco tem que ser o de criar demanda e não de restringir oferta", avalia Miriam.

Otimista, o diretor de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Angelo Bressan, acredita que o mercado externo em breve terá que abrir as portas ao produto brasileiro e, possivelmente, isso ocorrerá antes de 2012. "As pressões pela substituição da gasolina por fontes menos poluidoras, como o etanol, vão aumentar nos próximos anos. O Japão, por exemplo, tem metas do Protocolo de Kyoto a cumprir já em 2008", acrescenta Bressan.

A legislação japonesa permite - não obriga - a mistura de 3% de etanol à gasolina, o que significa um potencial hoje de consumo de 1,8 bilhão de litros por ano. Mas, segundo Bressan, se for alterada a mistura para 10%, esse volume pode chegar a 6 bilhões. "Mudar a lei de mistura não é algo complicado para os japoneses. E, nos próximos três a quatro anos, só o Brasil tem condições de fornecer esse volume", avalia Bressan.

Apesar de considerar a previsão de 5,5 bilhões de litros conservadora, Bressan reconhece que para exportar 11 bilhões de litros - em 2006 foram 3,5 bilhões de litros - será preciso um "esforço gigantesco". "Mas não será impossível", completa o diretor de Agroenergia. Ele acrescenta como possibilidades no mercado importador, por exemplo, as dificuldades na China - que tem sérios problemas ambientais - de produzir etanol com milho, diante da pressão por alimentos no País.

Mas, segundo o gerenciador de risco da FCStone, Rodrigo Martini, além do mercado interno, o sucesso das exportações de álcool vai depender do desenvolvimento da infra-estrutura nos portos brasileiros. No dia 28 deste mês, os secretários de Agricultura e de Meio Ambiente de São Paulo apresentam aos usineiros as normas da antecipação de 2021 para 2014 da proibição da queima da cana-de-açúcar em São Paulo nas áreas mecanizáveis.

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