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Política agrícola deve ser independente do governo

A avaliação foi feita hoje pelo ministro da agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto


A política agrícola brasileira deve caminhar para um modelo em que o governo não tenha que socorrer produtores rurais no momento de crise. A avaliação é do ministro da agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, que participou nesta quinta-feira (18-01) de entrevista a emissoras de rádio no estúdio da Rádio Nacional de Brasília.

Para o ministro, existe no país uma "cultura" de que, se a agricultura passa por um problema, cabe ao governo resolver. "Precisamos superar isso, porque muitas vezes é injusto. Como esse processo é muito amplo e genérico, freqüentemente a gente acaba tendo que atender um público que nem sempre está em uma situação tão difícil. E os custos para o Tesouro Nacional são muito altos", destacou.

Guedes ressaltou que é muito mais vantajoso para o governo atuar de forma pró-ativa e subsidiar, por exemplo, os seguros rurais. "Não haveria necessidade de o governo ter de socorrer o setor em um momento de crise, que acaba ficando muito mais caro".

Ele disse que outra saída para tirar do Tesouro esse ônus é o governo incentivar a participação do produtor no mercado futuro. "É preciso que o agricultor possa vender sua produção antecipadamente, garantindo um preço no mercado futuro. Isso tem um custo a ele, e o governo está disposto a financiar esses custos com juros favorecidos". Com isso, segundo o ministro, a renda do produtor estaria protegida.

"No médio e longo prazo, colocando à disposição do produtor vários desses instrumentos, cabe a ele se proteger ou não. E não caberia mais o governo socorrê-lo. Essa é a direção que nós iremos caminhar", destacou.

Para ampliar a participação dos agricultores no mercado futuro, o ministro afirmou que também está em estudo no governo a isenção fiscal para os produtores. "Uma das razões pelas quais o mercado futuro de produtos agrícolas não se desenvolve no Brasil é o tributo que ocorre nas operações. Não se trataria de uma renúncia fiscal, porque o governo praticamente não arrecada nada nessas operações porque elas são diminutas", disse ele.

O mercado futuro consiste na negociação antecipada de produtos agrícolas. Por exemplo, um produtor que vai plantar 100 hectares vende a um preço x o que estima que produzirá antes mesmo de colher. Isso evita que, no tempo da colheita, quando os preços tendem a baixar, devido à grande disponibilidade de um produto, ele esteja sujeito a ter de negociar em más condições ou a gastar dinheiro com armazenagem para esperar até que os preços melhorem.

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