População de Denise/MT se mobiliza para instalar usina de álcool
A liberação para a construção da indústria depende de uma Resolução de 1985 do Conama
Mais de 2 mil pessoas participam da audiência pública realizada no dia (18) no município de Denise (MT- 190 quilômetros de Cuiabá), em apoio a instalação de uma unidade industrial de álcool e açúcar da Companhia Energética Verde Norte – CEVN. A grande expectativa da população é a geração de 5 mil empregos indiretos e 1.200 diretos. “Estou desempregada e precisamos dessa indústria aqui”, disse Roseli de Souza, desempregada há mais de um ano. “Tenho quatro filhos e se não tiver emprego aqui eles vão buscar emprego em outro lugar”, desabafou José Germano, funcionário da Usina Itamarati.
O investimento inicial dos 33 sócios da Companhia Energética Verde Norte – CEVN, responsável pela instalação da indústria, está previsto em R$ 360 milhões. Só para desenvolver o projeto de viabilidade do empreendimento, do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) /Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), “nos desembolsamos 1 milhão de reais. Apostei na mudança de vida de toda uma comunidade”, disse um dos sócios, Luiz Roberto Gonçalo.
Para atender a demanda da indústria serão necessários o plantio de 31 mil hectares de cana-de-açúcar, que prevê a produção de 3 milhões de toneladas de cana por safra, sendo 40% açúcar e 60% álcool. ACEVN terá a primeira usina no Brasil a trabalhar com tecnologia indiana. Durante o processo industrial a vinhaça será processada e transformada em energia elétrica e as cinzas, serão transformadas em adubo. Todo processo de colheita será mecanizada e não haverá queimada.
A preocupação com os impactos ambientais é grande e tem razão de ser. O grande entrave da instalação da usina na região, que já conta com outras usinas, com a Itamarati, Coprodia, Libra e outras, é uma Resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) de 1985. Ela determina aos órgãos de Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do SUL (MS) a não liberação de licença para construção de usinas nas áreas da bacia do Pantanal. “Estamos falando de uma lei de mais de 20 anos, onde a tecnologia usada era danosa ao meio ambiente. Mas estamos numa nova fase tecnológica e depois, Denise não fica no Pantanal. Por isso acreditamos que a licença ambiental será liberada. Estamos fazendo todo processo dentro da lei, para provarmos que vamos preservar o meio ambiente e ajudar no desenvolvimento de toda essa região”, disse o presidente da CENV, Ralf Kruger.
O advogado e conselheiro da Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente), Evandro Moraes, que coordenou a audiência pública, disse que “o projeto da CEVN será analisado pela Sema ( Secretaria Estadual de Meio Ambiente) e dentro de 45 a 60 dias teremos o parecer técnico. Esse relatório é encaminhado para o Consema que expedirá, ou não, a Licença Provisória. Caso seja aprovado será expedida a Licença de Instalação e depois a unidade construída será inspecionada, é liberada a Licença de Operação”. Questionado se a população poderia ter esperança de uma liberação o conselheiro foi enfático: “é grande a possibilidade”.