Potencial do Brasil nas energias renováveis
“O Brasil tem amplas possibilidades de reduzir suas emissões"
Em 2022, as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) foram de 53,8 gigatoneladas (Gt). O consumo de energia fóssil é a principal fonte dessas emissões, responsável por 73% das emissões globais. Mundialmente, os combustíveis fósseis representam 82% das fontes de energia utilizadas. Em 2021, as fontes renováveis, como solar, eólica, biomassa, biogás e hidrogênio verde, atingiram 7,5% do mercado, enquanto as hidrelétricas representaram 10,5%.
Outros grandes emissores de GEE são a agropecuária (12%); uso da terra, mudança no uso da terra e silvicultura (6,5%); processos industriais, incluindo produtos químicos e cimento (5,6%); e resíduos, como aterros e águas residuais (3,2%). “Em 2021, as emissões líquidas do Brasil foram de 1,31 GtCO2 eq, sendo o Brasil responsável por 2,44% das emissões globais, com 6,9 t CO2 eq per capita. Os principais segmentos emissores são a agropecuária (0,62 Gt), a energia (0,41 Gt) e as mudanças no uso da terra 1,12 Gt”, afirma Décio Luiz Gazzoni, engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e da Academia Brasileira de Ciência Agronômica.
“O Brasil tem amplas possibilidades de reduzir suas emissões. Os números referentes às emissões das mudanças no uso da terra decorrem do intenso processo de desmatamento e queimadas na Amazônia em anos recentes, tendo atingido um pico em 2021. Esse desmatamento foi decorrência de crimes ambientais, cujos responsáveis são madeireiros, garimpeiros e grileiros, agindo à margem da lei. O governo brasileiro está implementando medidas para coibir a ação dos mesmos, no curto prazo, o que deve diminuir em muito as emissões por mudança de uso da terra”, completa.
O Brasil possui excelentes condições para expandir a geração de energia eólica e fotovoltaica, que têm crescido significativamente nos últimos anos, além das perspectivas promissoras para o hidrogênio verde. No entanto, o setor de biocombustíveis é o segmento mais expressivo e consolidado de energia renovável no país. Analisaremos os avanços previstos nas políticas públicas voltadas para os biocombustíveis, destacando seu papel crucial na matriz energética brasileira.