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Pragas exigem atenção constante

Entomologista Mauro Tadeu Braga fala sobre manejo das lavouras


Os cuidados com as culturas de verão continuam. Nesta edição, conversamos com um dos colaboradores ad hoc do Instituto Phytus, o entomologista Mauro Tadeu Braga. Ele traçou um panorama para as lavouras de soja e milho e alguns apontamentos quanto ao manejo das lavouras e cuidados que o produtor deve prestar atenção.

Soja

Nas diferentes etapas do ciclo da soja, verificamos pragas que atacam diferentes partes da planta. Corós, percevejos marrons, verdes e pequenos, lagarta da soja, falsas medideiras, ácaros, mosca branca, tamanduá da soja, lagarta das vagens e broca das vagens, são algumas das ameaças ao sojicultor brasileiro.

“No cenário de hoje, podemos dizer que o ácaro está se tornando uma praga importante para soja porque, com o advento da soja RR, nós temos hoje lavouras mais limpas, não tendo a presença de plantas daninhas. E nós descobrimos recentemente que as plantas daninhas são hospedeiras de ácaro. Na ausência delas, os ácaros estão buscando a soja como plantas hospedeiras”, explica Braga.

O professor comenta ainda que o uso de fungicidas em soja atinge fungos que matavam insetos. Dessa forma, pragas que eram secundárias, com pouca incidência, estão reaparecendo. Como exemplo, ele cita o controle da lagarta da soja e em seu lugar, as falsas medideiras e as lagartas pretas, passaram a ter certa importância no manejo da lavoura. “A mudança nas práticas culturais que o produtor faz a cada cinco, dez anos também influencia no comportamento das pragas. Umas vão passando a pragas importantes e outras passam para segundo plano”, comenta o pesquisador.

Milho

“Com o advento do milho BT, a partir de 2007, que controla especificamente a lagarta do cartucho, esta não tem mais espaço em milho e está buscando espaço em outras culturas para poder se manter no ambiente”, alerta Braga. Como novos alvos dessa lagarta temos a soja, em outubro, novembro e dezembro; e as gramíneas em geral, trigo, azevém, cevada e centeio, especialmente a partir de março.

Manejo

O professor chama atenção para as mudanças nas cultivares de soja e no milho BT, que buscam atender cada vez mais os níveis de produtividade desejados pelos produtores. Com esse aumento do potencial produtivo, os danos causados pelos insetos também se modificam. “Então, quando se começa a produzir mais, pequenos danos podem causar grandes prejuízos”, afirma ele.

Para explicar essa afirmação, o entomologista utiliza o exemplo da soja: no passado, quando se produzia duas ton/hectare, 10% de danos de praga, representava 200kg de soja de prejuízo. “Se em cinco anos atingirmos a meta de seis ton/hectare de produtividade, os mesmos 10% representarão 600kg de prejuízo”, explica.

Nesse cenário de plantas mais produtivas, Braga ressalta o conceito de proteção de plantas. “As culturas estão tolerando programas de controle de duas, três, até cinco aplicações para uma determinada praga e estão cada vez produzindo mais”.

As populações de ácaros e insetos são muito dinâmicas e dependentes, muitas vezes, do que vai acontecer em termos de temperatura e chuva naquela época em que eles ocorrem. Por isso, Braga finaliza com o seguinte conselho: “o produtor tem que ficar muito atento, fazer vistoria de lavoura, aplicar o defensivo o mais rápido possível, não deixar a praga se manifestar com intensidade elevada, para evitar a aplicação em cima dos danos da praga”.

Em entrevista concedida durante treinamento interno, Braga aponta a abordagem do Instituto Phytus.

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