CI

Pragas prejudicam soja armazenada

Pesquisa da Embrapa aponta preocupação com besouros, traças e carunchos nas unidades do Rio Grande do Sul


A quantidade de pragas que têm se mostrado presente nas unidades armazenadoras de soja pode colocar produtores e indústrias em alerta. Conforme resultados de pesquisa realizada pela Embrapa Soja desde 2008, e que teve resultados divulgados recentemente, a cadeia produtiva do grão poderá ter sérios prejuízos caso não se atente ao problema. No Estado, onde ocorreram levantamentos em Espumoso, a maior preocupação é com a incidência de carunchos e traças. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja Irineu Lorini, também já foram identificadas oito espécies de besouros e traças em unidades que armazenam soja nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná (Palotina, Londrina e Mandaguari), São Paulo (Orlândia) e Mato Grosso (Alto Garças). "Não se pode permitir que os compradores de nossos grãos apontem os contaminantes que existem em nossos produtos, criando barreiras para a sua comercialização e desvalorizando-o num mercado conquistado com tantos esforços", ressalta. O também pesquisador da Embrapa Soja José de Barros França explica que três amostragens foram realizadas desde o início dos estudos. Uma em novembro de 2008, outra em junho de 2009 e a última em novembro do ano passado. Em cada ação realizada e em cada local visitado, foram coletadas amostras de grãos e de sementes, que passaram por análises patológicas.

Conforme os pesquisadores, o relatório mostra que a quantidade de pragas nas unidades deve-se ao maior tempo de armazenagem da oleaginosa e à crescente disponibilidade de alimentos para as invasoras. Lorini destaca que a produção de grãos aumentou, mas a capacidade de armazenagem não cresceu na mesma proporção. "Até pouco tempo, os grãos de soja entravam no armazém para o beneficiamento e já eram destinados para exportação ou para o consumo interno. O que observamos é que o tempo de armazenagem tem aumentado, muitas vezes, ocorrendo sobreposição de duas safras", argumenta.

As análises apontaram presença de fragmentos de insetos, deterioração da massa de grãos, contaminação fúngica, presença de micotoxinas. Embora ainda em baixa frequência, o besouro da espécie Lasioderma Serricorne é o que apresenta maior potencial de dano, tonando-se uma das maiores preocupações. A praga é muito comum em fumo prensado e está migrando para a soja. "Este besouro fura o grão ou semente para se alimentar, o que traz prejuízos econômicos por causa da redução no peso e também abre uma porta para a entrada de fungos e toxinas. Portanto, interfere também na qualidade do produto", explica Lorini.

Atualmente, só existe um produto registrado para o controle das pragas, à base de gás fosfina, que faz o expurgo dos insetos. No entanto, o maior desafio dos armazenadores é a prevenção. "Precisamos desenvolver um trabalho mais voltado para a difusão de cuidados na colheita, na armazenagem e na secagem, para termos grãos de qualidade", disse França, salientando que, no final deste mês, deverá ocorrer uma reunião entre o setor produtivo, a Conab e a Embrapa para discutir métodos mais precisos de prevenção, com higienização de estruturas de armazenagem, máquinas e equipamentos.

Novas análises são feitas ao longo deste ano e o objetivo é dimensionar o problema para, então, apontar soluções. Segundo Lorini, a safra brasileira de grãos, nos últimos dez anos, saltou de aproximadamente 80 milhões de toneladas para cerca de 140 milhões de toneladas, na safra 2009.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.