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Preço baixo do trigo impede isenção da taxa de importação

Só este mês o governo está investindo R$ 108,6 milhões na compra de produtos que fazem parte da PGPM


Os baixos preços do trigo pesaram não só no bolso do produtor, mas também no orçamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os investimentos com a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) fizeram o governo resistir aos apelos da indústria moageira nacional e o setor continuará a pagar 10% da Tarifa Externa Comum (TEC) para o trigo importado entrar no País, o que deve garantir a competitividade do cereal brasileiro. "É preciso evitar o que aconteceu no ano passado, quando, no início da safra, os preços internos ficaram abaixo do preço mínimo oficial, por conta da queda dos preços externos e da existência de estoque nos moinhos", afirmou Reinhold Stephanes, ministro da Agricultura.

Na ocasião, o estoque foi resultado de importações favorecidas pela redução temporária no imposto sendo necessário apoio do governo para comercialização, em montante superior a R$ 200 milhões.

Só este mês o governo está investindo R$ 108,6 milhões na compra de produtos que fazem parte da PGPM, incluindo aí o trigo. Além da aplicação dos novos recursos, o governo teve que arcar com a maior parte dos contratos de opção de venda futura lançados no segundo semestre de 2008 com entrega a partir de março de 2009 e ainda liberou Empréstimos do Governo Federal (EGF) para financiar a estocagem nas propriedades.

"Em um ano no qual o governo eleva os preços mínimos, se o preço baixar muito no mercado, ele acaba tendo que ser o grande comprador", salienta Élcio Bento, analista da Safras & Mercado. Segundo Bento, caso não haja trigo disponível nos países que compõe junto com o Brasil o Mercosul haverá espaço para movimentos de alta no preço do cereal que é vendido hoje, em média, a R$ 540 no Paraná. No cenário atual, o trigo originário da Argentina chegaria a um moinho em São Paulo cotado a R$ 596, incluindo o frete mais despesas internas. No caso dos Estados Unidos, a paridade de importação é ainda menos vantajosa e o trigo chegaria em São Paulo negociado a R$ 692. Sem a TEC e a taxa da Marinha Mercante, o valor seria de R$ 618.

Oferta

Apesar do incremento dos estoques finais mundiais de trigo, que na temporada 2009/2010 deverão ser da ordem de 184 milhões de toneladas, o Brasil deve enfrentar dificuldade para adquirir o produto dos seus principais fornecedores. A disponibilidade do cereal no Mercosul deve cair pela metade no ciclo que está se iniciando. O excedente exportável de Uruguai e Paraguai, juntos, deve recuar de 4,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões. A Argentina, que deve passar da safra 2008/2009 para a nova temporada com estoques finais da ordem de 1,5 milhão de toneladas, deverá viver uma situação dramática nos próximos meses. De acordo com informações da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura de trigo da nova safra será a mais baixa de toda a história argentina. Até agora, o país plantou 562 mil toneladas, ante 1,1 milhão plantadas no mesmo período do ano passado. A data de implantação de trigo cobriu até agora uma superfície de apenas 762 mil hectares, o que representa 41% a menos do que foi implantado na mesma data de 2008.

A previsão é a de que sejam plantados 8,5 milhões de toneladas volume que, caso o país tenha uma produtividade semelhante a da safra passada, resulte na colheita de pouco mais de 6 milhões de toneladas. "Se mantida a moagem no mesmo patamar a situação poderia levar o país pela primeira vez a condição de importador", alerta Bento. "Não há razão para acreditar que haverá registro de exportação da Argentina na próxima temporada", completou o analista.

O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) para a safra 2009/2010 contará com um orçamento de R$ 107,5 bilhões, incremento de 37% em relação ao da safra anterior, segundo o governo.

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