Preço da carne suína cai R$ 1 o quilo
A continuidade do embargo russo acirrara a disputa por um preço mais baixo entre a carne de porco e a de frango
A continuidade do embargo russo à carne suína brasileira e o aumento da oferta do produto no mercado interno acirraram a disputa por um preço mais baixo entre a carne de porco e a de frango na hora de o consumidor fazer a sua escolha diante do balcão frigorífico. Com uma redução em média de mais de R$ 1 o quilo, peças como a do pernil, da costelinha e do lombinho estão entrando nas sacolas de compra dos clientes de açougues e supermercados com mais intensidade.
"O preço do mercado de suínos não vai crescer enquanto as exportações, sobretudo para a Rússia, não forem retomadas. Até as importações russas serem reativadas, o valor estará abaixo do custo de produção em 2005. A queda do preço da carne de porco também reflete a diminuição do consumo, devido à alta competitividade observada pelo mercado da carne avícola nos últimos meses", analisa o consultor de mercado de carnes da Céleres Consultoria, Jean Yves. A cada 100 quilos de produtos suínos embarcados nos portos brasileiros, 65 quilos são destinados à Rússia. Segundo o especialista, o preço do quilo da carcaça do suíno comercializado em São Paulo reduziu de R$ 2,56, em março, para R$ 2, em abril.
Por outro lado, a avicultura voltou a ganhar fôlego com a retomada de contratos de exportação, principalmente de alimentos processados. Após uma redução acentuada nos estoques da indústria brasileira nos últimos meses, gerada pela repercussão da gripe aviária na Ásia e Europa, a indústria começou a destinar o excedente para a produção de alimentos mais elaborados e industrializados. "Os frigoríficos de maior porte fizeram um grande esforço para exportar mais estes produtos. São receitas em que o consumidor não consegue identificar a ligação com o frango vivo. Além disso, não tivemos nenhum problema sanitário apontado no Brasil. Não houve conseqüências no mercado interno da campanha na mídia sobre a gripe aviária", avalia Jean Yves.
O gerenciador de frios do supermercado Supermaxi, Vanilton Alves de Freitas, faz uma análise semelhante ao do consultor de agronegócios. "A cadeia produtiva do suíno tinha uma programação para fazer a exportação. Com o embargo, é preciso vender esta carne para o consumidor interno. A diversificação das atividades em propriedades agrícolas também levou muitos produtores a investir em criação de suínos. Houve um aumento considerável do rebanho e da oferta da carne", observa.
Vanilton Alves de Freitas detecta um movimento inverso na cadeia da avicultura. "Os abatedouros, para se livrar dos estoques, há alguns meses estavam vendendo até galinha viva por menos de R$ 0,80. Mas como o ciclo produtivo das aves leva cerca de 40 dias até chegar ao consumidor final, houve uma regulação desses estoques", detalha.
No auge da oferta de frango "chegamos a vender abaixo de R$ 1", afirma. Hoje, esse preço está no patamar dos R$ 2. Enquanto o pernil, que custava nos últimos meses na faixa dos R$ 6,89, agora pode ser encontrado em ofertas por até R$ 4,98.
O instalador Geovani Lopes da Costa não reclama e adere ao consumo da carne suína. O churrasco preparado ontem foi à base de costelinha de porco. "O preço diminuiu. Espero que continue assim", afirma.