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Preço da soja tem escalada de alta

Início da safra nacional não interrompeu curva ascendente da cotação. Paraná comercializou apenas 33% da colheita


O início da safra de soja no mercado interno não interrompeu a escalada de alta dos preços do grão. Nos últimos dias a cotação paranaense está na casa dos R$ 47 a saca de 60 quilos, considerado o maior valor desde o início da colheita nacional. Os preços têm sido sustentados pela alta no mercado internacional que ontem atingiu sua maior cotação - US$ 10,58 o bushel - desde setembro do ano passado, quando estourou a crise financeira mundial. É importante ressaltar, porém, que este é período de entressafra nos Estados Unidos.

Apesar do momento positivo, a comercialização ainda é considerada lenta no Paraná. Segundo informações do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, até o início desta semana apenas 33% da safra já havia sido comercializada, enquanto no mesmo período do ano passado esse índice era de 48%. "O ideal é que os produtores não vendam tudo agora, a comercialização deve ser feita de forma escalonada", afirma Flávio Roberto de França Júnior, diretor de produção da Safras & Mercados Consultoria (empresa privada de análises do agronegócio).

Segundo ele, nos próximos seis meses o panorama indica uma "curva descendente" dos preços. Apesar disso, França Júnior lembra que as instituições financeiras mundiais têm se recuperado da crise, inclusive, com melhoras nas suas expectativas. "Este novo cenário trouxe os especuladores de volta ao mercado das commodities agrícolas. Só que esses investidores são traiçoeiros e apresentam um grau de incerteza muito grande, não dá para apostar que os preços vão continuar subindo", avalia.

O diretor acrescenta que os contratos fechados na Bolsa de Chicago com bons preços são para comercialização da safra antiga, válidos até agosto. Para novembro, quando a safra colhida já estará no mercado, os preços negociados são menores. Ontem, a cotação foi de US$ 9,43 o bushel. O engenheiro agronômo do Deral, Otmar Hubner, acrescenta que neste mês os Estados Unidos reduziram a estimativa de produção mundial do grão para 45,84 milhões de toneladas. No mesmo período do ano passado a produção era de 49,95 milhões de toneladas.

Com a produção americana colhida podem acontecer dois cenários. De acordo com França Júnior o primeiro é a manutenção das exportações dos Estados Unidos, que tem surpreendido devido à volta da China ao mercado, e a consequente queda dos estoques. O segundo prevê um aumento na área plantada e uma produção maior. "Os preços para a safra velha são sólidos e dificilmente vão cair, mas para a nova a tendência é de queda", diz. Na sua avaliação é até possível que no segundo semestre o mercado interno "descole" da Bolsa de Chicago mas, para isso, a oferta nacional precisa ser "enxugada".

Safra

A safra paranaense será encerrada no primeiro decêndio do próximo mês e, até o início desta semana 86% das plantações foram colhidas. A área plantada foi de cerca de 4 milhões de hectares, contra 3.920 milhões de hectares na safra anterior. "A estiagem provocou perdas de 19% na produção estadual. A Região Oeste, que é a maior produtora, perdeu mais, em média, 30%", comenta Otmar Hubner.

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