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Preço do boi gordo no RS é o mais alto do Mercosul

O valor do gado no estado chega a US$ 39 a arroba, tirando a competitividade da indústria local


O boi gordo virou artigo raro no Rio Grande do Sul e, com isso, o tradicional churrasco ficou salgado. Um quilo de costela - prato tradicional da mesa de domingo - custa R$ 8 no estado para R$ 6,50 em São Paulo. Ontem, a arroba do boi chegou ao seu maior patamar no ano: R$ 72, equivalente a US$ 39 - recorde nacional e também do Mercosul. Na Argentina, o boi gordo é comercializado US$ 25,89 a arroba e no Uruguai, US$ 33,90. A expectativa de analistas de mercado é que em breve o gado gaúcho atinja a marca de US$ 40 a arroba.

O valor do gado no estado é quase R$ 10 mais alto (por arroba) que o de São Paulo (R$ 62 em Barretos), região que baliza o preço no País. Depois de Erechim, a segunda cotação mais alta no Brasil é o de Pelotas, R$ 67,50 a arroba. Diante deste quadro não só o consumidor tem de se adaptar. As indústrias também. Segundo dados do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados no Rio Grande do Sul (Sicadergs), a capacidade ociosa das empresas do estado chega a 80%. Aproximadamente cinco indústrias fecharam as portas e outras 30 encontram-se "em estado crítico", de acordo com Zilmar Moussalle, diretor-executivo do sindicato.

Diversos fatores explicam o fato excepcional de o estado ter o maior preço do País e permanecer nesta liderança há oito meses. De acordo com o analista Leonardo Alencar, da Scot Consultoria, a chamada "reversão de ciclo da pecuária" iniciou no Rio Grande do Sul, assim como a crise - que abateu o setor a partir dos focos de febre aftosa, entre 2000 e 2001. O estado ficou fechado para outros mercados e houve redução dos investimentos nas fazendas e descarte de matrizes - que chegou ao dobro do abate de machos em outubro de 2004. "O ajuste foi mais severo no Rio Grande do Sul", afirma Alencar.

Segundo ele, assim como tem o preço do boi gordo mais alto do País, o estado também tem o do bezerro (ver abaixo). O analista da Scot Consultoria cita também a exportação de gado em pé - estratégia usada pelos pecuaristas diante da outrora crise de preços baixos - como fator determinante para a valorização dos animais no estado. Apenas no ano passado foram embarcados 69,35 mil animais. "Tivemos também três anos de seca, em que a natalidade diminuiu e a questão da Rússia", diz Moussalle. No ano passado, devido por seis meses apenas o Rio Grande do Sul estava autorizado a exportar para aquele país. Com isso, houve abate maior de fêmeas e até de animais não terminados. As vendas externas do estado chegaram a US$ 570 milhões, crescimento de 97%.

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