CI

Preço do café cai 6% na bolsa de Nova York



Os preços futuros do café arábica despencaram no pregão de ontem dos mercados internacionais. Em Nova York, os contratos para entrega em setembro fecharam cotados a 63,10 centavos de dólar por libra-peso, em queda de 6,4% no dia. Em Londres a baixa foi de 3,3% e os contratos para entrega em julho foram negociados a US$ 719 por tonelada. A redução também ocorreu na Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F), de São Paulo, em queda de 3,9% no dia.

Como os preços do café têm sido dirigidos pelas previsões climáticas no Brasil, a não confirmação de registro de geadas nas regiões produtoras de Minas Gerais provocou um intenso movimento de vendas especulativas por parte dos fundos e especuladores.

"Na sexta-feira os operadores se protegeram contra a possibilidade de ocorrência de geadas no Brasil e compraram em grandes volumes. Como o frio não foi tão intenso nas regiões produtoras, todos saíram vendendo", diz Rodrigo Costa, analista da Corretora Fimat Futures.

Segundo Costa, os preços do café somente voltarão a subir se sustentados por novas notícias altistas, como a possibilidade de queda de temperaturas no Brasil, o que não está previsto para os próximos dias. "Ainda existe suporte para queda antes de os preços voltarem a se recuperar", prevê o analista.

É curioso notar que as especulações quanto ao registro de geadas nas áreas produtoras do Brasil têm pouco fundamento, uma vez que, historicamente, o mês de maio não é o período propício para o fenômeno climático. Entre 1882 e 1994 foram registradas 31 geadas no Brasil e apenas uma, datada de 31 de maio de 1979, foi verificada no quinto mês do ano. "As especulações não se justificam pois ainda estamos no outono", avalia Eduardo Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes .

Na década de 1960, quando mais de 50% das lavouras se situavam no estado do Paraná e o Brasil respondia por 50% do mercado mundial de café, as especulações quanto ao clima eram mais pertinentes, uma vez que, em geral, a "frente fria" é um fenômeno que entra no País pela região Sul e, invariavelmente, os cafezais eram queimados. Atualmente, entretanto, as lavouras do Paraná respondem por algo entre 8% e 10% da produção nacional e o País detém entre 28% e 30% do mercado mundial, portanto, "os fundamentos climáticos são assimilados pelo mercado com mais força do que, de fato, têm", diz Carvalhaes.

Segundo o corretor, a quebra da safra brasileira de café arábica projetada para o período 2003/04, que supera a produção da Colômbia e do México, juntas estimadas em cerca de 16 milhões de sacas de 60 quilos, deveria repercutir no mercado internacional com mais ênfase que as condições climáticas previstas para o Brasil. Na safra que começa oficialmente em julho, o Brasil deverá produzir cerca de 30 milhões de sacas, volume 40% menor que a colheita do período passado, que atingiu 50 milhões de sacas.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.