O valor pago pela saca de café em Minas Geral subiu 30% de dezembro de 2002 a janeiro deste ano. Segundo Simbrair Duarte, presidente do Sindicato das Indústrias de Café de Minas Gerais (Sindcafé-MG), de outubro a janeiro a alta do preço do produto foi ainda maior: 110%.
"O anúncio de que a safra 2003 seria quase 50% menor do que a última, em razão da produção recorde registrada no ano passado e pela bianualidade do grão, fez com que a cotação do produto se elevasse. Hoje, paga-se R$ 145 pela saca. Em outubro, a indústria comprava o produto a R$ 70", diz.
Duarte afirma ainda que com o preço da matéria-prima neste patamar fica difícil não repassá-lo para o varejo. "O custo para beneficiar o grão verde chega a R$ 5,40 por quilo, sendo que 90% do total é representado pela matéria-prima, ou R$ 3,30 o quilo. Não há mágica para driblar os custos", informa.
Mesmo assim, algumas torrefadoras de café no estado, para evitar o repasse ao consumidor, estão industrializando grãos de baixa qualidade e até mesmo adulterando o produto. "Há indústrias que comercializam o café torrado e moído até por R$ 1. Mas é bom alertar a população de que não é possível a venda de café de qualidade a esse preço. Valor que, aparentemente, é atrativo e não segue nenhum controle de qualidade", ressalta.
Duarte diz que várias marcas já foram retiradas do mercado pelo Ministério Público em função da péssima qualidade. "O Sindicafé-MG trabalha para a divulgação e posterior aumento de consumo da bebida, mas as marcas não podem colocar a qualidade em risco."
Segundo ele, o setor em 2002 registrou queda de 25% no faturamento em razão da elevação dos preços da matéria-prima e da concorrência acirrada entre as torrefadoras. Em 2002, as indústrias de café do estado registraram faturamento de R$ 203,5 milhões, ante R$ 248 milhões faturados no ano anterior.
O volume de produção, diz ele, foi o mesmo em 2001 e 2002, 1,05 milhão de sacas de café torrado e moído. "Em compensação, o preço médio do quilo em 2001 era de R$ 5,17 e ano passado o quilo chegou a ser comercializado por R$ 4,24. Minas responde por 18% da produção nacional de torrado e moído".
Ana Paula Machado - Especial para Gazeta Mercantil