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Preço do tomate pode recuar a R$ 2

Entrada da safra de inverno traz alívio aos consumidores, mas deve ser bem menor que a do ano passado


Entrada da safra de inverno traz alívio aos consumidores, mas há uma notícia ruim: ela deve ser bem menor que a do ano passado

O consumidor que se assustou com o preço do tomate nos últimos meses poderá sentir um alívio a partir desta quinzena. Com a chegada da safra de inverno no mercado, o quilo do produto pode ficar abaixo de R$ 2. A redução não será mais intensa porque a área plantada caiu 17% em relação ao ano passado. Além disso, estima-se uma perda de 10% devido às condições climáticas.


O preço pago ao produtor chegou a subir 191%, segundo dados de fevereiro do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento. Para o consumidor, a elevação foi menor: 128% nos mercados de Curitiba, de acordo com os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O consumidor reagiu comprando menos, o que vem contribuindo para a queda de preços que vem sendo registrada nos últimos dias. “Os varejistas diminuíram a compra em resposta aos consumidores”, afirma o diretor da Ceasa, em Curitiba, Valério Borba.

Na primeira semana de abril, a caixa (de 20 a 32 quilos) custava em média R$ 100 e, na última quarta-feira (10), já era comprada por R$ 60, uma redução de 40% no atacado. No varejo, o preço é bastante oscilante. Segundo o Disque-Economia (serviço da Prefeitura de Curitiba), o quilo variava ontem entre R$ 1,95 e R$ 6,99 nos supermercados da capital.

Pico em maio


No Paraná, 13% da safra de inverno já foi colhida. O produto já começa a entrar no mercado, mas, segundo o coordenador de olericultura do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Iniberto Hammerschmidt, a queda no preço ao consumidor paranaense será mais intensa a partir de final de maio. “A safra principal teve muitos problemas. Nesta safra de inverno, de forma geral também houve redução, mas em alguns lugares a lavoura foi boa e nós acreditamos que o preço vai voltar aos patamares antigos”, acredita.

Borba, da Ceasa, concorda. “A expectativa é que o preço continue baixando no atacado e, mesmo que demore um pouco para chegar ao varejo, em abril e maio os preços devem estar mais baixos”, comenta.

O engenheiro agrônomo do Deral no Paraná, Carlos Alberto Salvador, não arrisca uma previsão, mas acredita que a safra de inverno terá menos problemas climáticos que a safra principal. “Agora é uma questão de mercado”, acrescenta.

O Paraná deve produzir neste ano, somando as safras de verão e de inverno, 303,8 mil toneladas de tomate. Ele é o sexto estado produtor no Brasil, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que o líder do segmento ainda é o estado de Goiás, com uma produção anual de 1,02 milhão de toneladas.

Fazendo as contas

Lucros não compensam perdas de safras passadas, dizem agricultores

O tomaticultor Pedro Blonski, de Reserva, na região central do estado, é sócio em três lavouras. Duas delas já estão com a colheita bem adiantada e, segundo ele, as perdas foram de 60%. “Esperávamos colher 300 caixas por mil pés, mas conseguimos colher 150 caixas por mil pés”, revela. Para Blonski, a culpa foi das chuvas de março. “O tomate pegou muita doença e a produtividade caiu”, afirma.


Reserva teve a segunda maior produção do estado em 2012. Respondeu por 16% da produção paranaense, atrás de Marilândia do Sul, no Norte, que foi responsável por 21% da produção estadual. A produção, de 58 mil toneladas, movimentou a economia local com a geração de mil empregos no campo.

No município, a alta de preço no varejo não foi tão bem recebida. As safras passadas acumularam muitas perdas, que tornam insuficientes os preços atuais. “Se o produtor vender a caixa por

R$ 50 vai receber, na prática, R$ 25 para compensar as perdas das safras passadas e a alta no custo de produção”, comenta o engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal de Agricultura de Reserva, Dulcídio Artur Carneiro Becher.

Isso sem contar as perdas da safrinha de inverno. A lavoura de tomate é irrigada nas raízes. Embora a umidade constante seja positiva, o excesso de chuva deixa úmidas as folhas, que se tornam locais propícios para a disseminação de fungos e bactérias, segundo Becher. Por isso, a atividade não aceita aventureiros. “Quando a lavoura produz bem, você ganha dinheiro, mas quando vai mal, vai muito mal e você pode perder tudo o que investiu”, comenta Blonski.

Com a alta nos preços, pode haver um aumento de produtores. Para Iniberto Hammerschmidt, da Emater, fica o alerta. “O agricultor vendo que o tomate ficou caro neste ano pode achar que pode começar a plantar tomate o ano que vem, mas é aí que mora o perigo porque a atividade exige muito conhecimento”, diz.

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