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Preço do trigo continua em evolução no Paraná

Os valores da saca de 60 kg não param de subir, superando a casa dos R$ 34 este mês


Com mais de 50% da área colhida no Estado, os valores da saca de 60 kg não param de subir, superando a casa dos R$ 34 este mês

Clima favorável para colheita, preços elevados e a suspensão dos leilões de estoques públicos de trigo. Finalmente, o produtor paranaense que apostou no cereal vai poder comemorar. Com mais de 50% da área colhida no Estado até o momento, os valores da saca de 60 kg não param de subir, superando a casa dos R$ 34 este mês. De acordo com o levantamento mensal do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), desde o início deste ano o produto valorizou mais de 45% (ver quadro). A expectativa é que a produção paranaense atinja 2,02 milhões de toneladas na safra 2012.


Devido à série histórica ruim dos preços da cultivar, a área de plantio teve queda de quase 30% em comparação à última safra. Se em 2011 foram plantados 1,06 milhões de hectares do produto, este ano foram apenas 760 mil hectares. Só como análise comparativa, na safra passada o trigo fechou a R$ 25,52 a saca, 2010 a R$ 23,69 e 2009 a R$ 26,81. O último preço médio anual interessante foi em 2008, quando fechou a R$ 33,17. ''O mercado não andava bem das pernas. O produtor estava sem liquidez, recebendo pouco pela sua produção. Muitos, então, acabaram optando pela cultura do milho, que estava boa também para ser vendida no mercado externo'', analisa o economista do Deral Marcelo Garrido.

Com a queda da área cultivada, os preços voltaram a melhorar, já que a oferta diminuiu. Outro fator que está auxiliando até o momento foi a quebra da safra dos Estados Unidos e de alguns países da Europa. ''A produção subiu, houve esta quebra internacional e os preços reagiram'', relata Garrido.

Além disso, na safra 2011 o produtor sofreu também com a falta de qualidade do cereal colhido, já que em meados de junho houve uma geada que acabou prejudicando a produção. ''Este ano, o clima está bom e a colheita segue em grande quantidade até outubro. A melhora do cenário deve fazer com que no ano que vem parte da área seja retomada para a produção de trigo. Mas isso vai depender também da situação do milho até lá'', avalia o economista do Deral.

Leilão suspenso

Se a situação do produtor agora é de tranquilidade, há poucos dias era de nervosismo. Isso porque por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou avisos que previam para a última quarta-feira leilões de vendas de estoques públicos de trigo. A ação - que acabou suspensa - aumentaria a oferta do produto no mercado, a concorrência com os produtores e, consequentemente, a queda dos preços. O valor mínimo de operação da Conab no Paraná é de R$ 22,69 a saca do cereal.


A Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) encaminhou ofício criticando o momento escolhido para realização do leilão, em que o mercado começa a respirar. Vale dizer que as cooperativas são responsáveis por 65% do trigo produzido no Estado.

Segundo o coordenador do departamento técnico e econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Pedro Loyola, muitos produtores relataram à entidade que as cooperativas haviam interrompido a comercialização com os produtores dias antes da data do leilão. ''O mercado estava na expectativa do leilão. A suspensão foi acertada, o momento agora não é de fazer leilões e sim de aguardar a comercialização dos produtores.''

Para Loyola, a melhor opção do governo é aguardar até janeiro para iniciar as operações dos leilões. ''O Mapa pode esperar. Até lá 80% do trigo do País já vai ter sido comercializado.''



Victor Lopes

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