Preço dos grãos pode comprometer plantio
Um estudo mostra que o preço do adubo subiu cinco vezes mais que o da soja, e que a rentabilidade do produtor pode ficar comprometida
"O produtor está em uma situação muito frágil. Não está 'hedgiado' (protegido de oscilações de preços e câmbio) em nenhuma ponta e com esse custo de produção muito alto. A vulnerabilidade é muito alta", alerta José Mário Schreiner, presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA.
De acordo com levantamento da consultoria Safras & Mercado, até 1º de agosto foram vendidos antecipadamente 7% da safra brasileira de soja, percentual que em agosto do ano passado era de 21% e, na média dos últimos cinco anos, de 10%. "A quase totalidade desses negócios foram com troca por insumo", diz Flávio Roberto de França Júnior, diretor da consultoria.
Segundo a CNA, até maio 45% do adubo necessário ao plantio da safra de soja foi comprado. A dúvida agora é sobre em que condições o restante será adquirido pelo produtor, segundo Schreiner. "Nós recomendamos mais cautela ao produtor, porque a situação está muito delicada", argumentou Schreiner.
No levantamento da CNA foi constatado que em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Tocantins e Maranhão os custos de produção, até junho, vinham crescendo mais que as cotações da soja. No município de Rio Verde, em Goiás, foi identificado o maior custo do Centro-Oeste, de R$ 1,545 mil por hectare.
A maior alta de preço do adubo no País foi em Sorriso, Médio -Norte de Mato Grosso, segundo estudo do Cepea/USP. Nesse município, esse insumo valia em maio deste ano R$ 722 a tonelada, 94% mais que na média da safra 2007/08. Nesse período, a saca de soja valorizou-se bem menos nessa região, de R$ 26,51 para R$ 34,11, alta de 28,7%. Em Londrina (PR), o preço da saca do grão aumentou apenas 7,2% no período, enquanto o adubo, 85,5%.
Mercado
O novo recuo da soja na bolsa americana de ontem se deveu à combinação de vários fatores e rumores no mercado. Segundo Étore Baroni, consultor de gerenciamento de risco da FCStone, a queda de US$ 2 na cotação do barril do petróleo e rumores de liquidação de posição de fundos que não conseguiriam honrar margem foram alguns deles.