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Prejuízo nos frigoríficos do Mato Grosso passam de 100 milhões

O Sindifrigo estima perdas diárias de R$ 14 milhões com a redução em 70%, no volume de emissões de certificado exigido para o trânsito dos produtos, inclusive para exportação


Os prejuízos da indústria frigorífica mato-grossense com a greve dos fiscais agropecuárias federais já podem ter ultrapassado a R$ 110 milhões nos oito dias do movimento. O cálculo é do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), que estima perdas diárias de R$ 14 milhões com a redução em 70%, no volume de emissões de certificado exigido para o trânsito dos produtos, inclusive para exportação.

De acordo com o presidente do Sindifrigo, Luiz Antônio Freitas Martins, os frigoríficos não estão podendo arcar com esses prejuízos e, por isso, o problema pode afetar toda a cadeia pecuária.

Segundo a Associação dos Proprietários Rurais (APR), os pecuaristas já estão sendo prejudicados com a paralisação dos fiscais. “Quando ocorre uma retração nas exportações e o mercado interno não consegue absorver toda oferta há uma conseqüente queda dos preços. Além disso, o volume de abates também é reduzido e isso acaba desestabilizando o mercado e gerando especulações”, disse uma fonte da APR.

A alta ensaiada nos preços da arroba pode recuar devido à pressão interna dos volumes represados nos frigoríficos e que pelo tempo de espera terão de ser desovados no mercado doméstico. No último dia 23, a arroba no Estado atingiu a melhor cotação dos últimos quatro anos, chegando nas regiões habilitadas à União Européia a R$ 58.

Neste período de greve, que é por tempo indeterminado, os fiscais agropecuários realizam apenas 30% de todos os serviços relacionados à certificação, inspeção do complexo carne em 43 frigoríficos, fiscalização da entrada e saída dos produtos da fronteira, importação de fertilizantes e agrotóxicos, exportação via Porto Seco, classificação de produtos de origem vegetal, fiscalização de sementes produzidas no Estado e inspeção na área de alimentos, bebidas e laticínios.

Na avaliação do presidente do Sindifrigo, Luiz Antônio Martins, a redução das emissões de certificado de produtos para exportação impõe sérias perdas à indústria regional, pois acarreta atrasos nos embarques e perdas nas exportações, refletindo diretamente no resultado da balança comercial.

Para o diretor financeiro da Associação dos Criadores do Estado de Mato Grosso (Acrimat), Júlio Rocha Ferraz, a paralisação de 70% nos serviços de inspeção e certificação de carnes bovinas reflete em toda a cadeia produtiva pecuária, “além de prejudicar o cumprimento dos contratos de exportação”. Segundo Júlio Rocha, quando a indústria frigorífica é atingida de alguma forma, a pecuária também sofre e toda a cadeia é afetada. “É como se fosse um efeito dominó, em que todos acabam sendo atingidos”.

Até ontem, entretanto, isso ainda não era constatado em Mato Grosso. Segundo o Centro de Comercialização de Bovinos (Centro Boi) da Federação da Agricultura e Pecuária, as escalas de abate estão se mantendo em torno de cinco a sete dias, ou seja, é o tempo de espera pelo abate. O pecuarista comercializa o boi e leva este período para entregar asa cabeças.

Os preços da arroba do boi gordo também permanecem estáveis, tendo sido observada uma discreta melhora da cotação em algumas praças. Em Cuiabá, Barra do Garças, Tangará da Serra e Paranatinga, a arroba do boi rastreado, para exportação, mantinha a cotação de R$ 58, para pagamento com prazo de 30 dias. Em Araputanga (371 Km ao sudoeste de Cuiabá), na região da Grande Cáceres, o frigorífico Friboi estava pagando R$ 57 pela arroba do boi gordo. Em Rondonópolis (210 Km ao sul de Cuiabá), o boi teve ontem a sua melhor cotação em Mato Grosso, chegando a R$ 59 também para pagamento com 30 dias.

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