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Produção brasileira de café conillon será 18% menor


Segundo maior produtor mundial de café conillon, o Brasil vai colher uma safra de 7 milhões de sacas este ano, o que representa queda de 18% em relação à safra passada. O Espírito Santo, principal pólo de produção no País, deve produzir 3,5 milhões de sacas (60 quilos), volume que corresponde a metade da safra brasileira.

Variedade de café robusta introduzida no Brasil no início da década de 1970, o conillon é bastante resistente ao clima seco e quente devido a sua rusticidade, mas ainda assim tem sido prejudicado pela redução dos tratos culturais por parte dos cafeicultores, que encontram dificuldades de cuidar das lavouras devido os baixos preços.

O estado do Espírito Santo retrata fielmente a descapitalização dos cafeicultores. Com uma safra de 9 milhões de sacas em 2000, a produção vem caindo ano a ano. Em 2001 a safra capixaba atingiu 7 milhões de sacas, caindo para 5,5 milhões de sacas em 2003.

"Este cenário é resultado dos baixos preços e longos períodos de estiagem, que estão fazendo com os produtores abandonem suas lavouras", diz Antonio Joaquim de Souza Neto, presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha (Coabriel), situada em São Gabriel da Palha, cidade conhecida como a capital brasileira do café conillon.

Segundo ele, no Espírito Santo, onde a produção está concentrada nas mãos de pequenos agricultores, com áreas inferiores a dez hectares, a safra 2004/05 não deve superar 3,5 milhões de sacas.

Qualidade melhor

"As recentes chuvas estão beneficiando as lavouras, mas o resultado não deve se refletir no aumento da produção e sim na melhoria da qualidade e tamanho dos grãos", diz. No ano passado o Espírito Santo foi castigado por uma severa seca. "Foram sete meses de intensa estiagem", afirma. Entre janeiro e dezembro de 2003 as chuvas somaram 700 milímetros, em comparação com os históricos 1,2 milhão de milímetros registrados no estado em anos anteriores.

"A maior parte desta chuva, ou seja, cerca de 300 milímetros, foi registrada em dezembro após o período de floração do café. Por este motivo, o cenário de safra menor não deve mudar", diz Souza Neto.

Segundo Oswaldo Henrique Ribeiro de Paiva, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), os baixos preços do mercado persistem há quatro anos, o que provoca a diminuição dos tratos das lavouras. "Isso acontece em todas as regiões do Brasil e com todas as variedades de café", diz Ribeiro Paiva.

Com preços inferiores aos do café arábica, uma das principais funções do café conillon é reduzir o custo dos "blends" das empresas torrefadoras e para café solúvel. Em geral o robusta é cotado entre 30% e 50% do preço do café arábica. Os preços praticados no mercado interno se situam atualmente em R$ 125. "No ano passado, a média oscilou entre R$ 110 e R$ 115 por saca", diz Souza Neto.

Quebra de produção

A quebra da safra capixaba deste ano será superior à quebra da safra brasileira, devendo alcançar 36% em relação às 5,5 milhões de sacas produzidas no ano passado. Para reduzir a dependência da cafeicultura, produtores capixabas vão investir a partir deste ano na produção de frutas. "A idéia é formar uma cooperativa e comercializar a produção para a empresa Suco Mais, instalada em Linhares, que comercializa polpa de frutas congeladas no mercado interno e exterior", diz Souza Neto.

Outros estados importantes produtores, ainda em fase de expansão da cultura, devem manter ou até mesmo elevar sua produção de conillon. Rondônia, por exemplo, está com safra estimada em 2,5 milhões de sacas este ano, um crescimento de 20% sobre as 2 milhões de sacas do ano passado.

A Bahia e o Mato Grosso vão manter a safra estável em 500 mil sacas nos dois estados. Já o Pará deve apresentar queda de 33% para 200 mil sacas no período 2004/05. A maior parte da safra brasileira é consumida no mercado interno. As exportações, ainda em volume pequeno, são do produto industrializado sob a forma de café solúvel.

No mercado externo, o produto brasileiro concorre com o Vietnã, maior produtor mundial de conillon, com safra estabilizada em 11 milhões de sacas por ano, e com a Indonésia, terceiro maior produtor, com produção, também estável, entre 6 milhões e 7 milhões de sacas por ano. Os principais compradores do produto brasileiro são Estados Unidos, Itália, Bélgica, Espanha, Inglaterra e Alemanha. "Em qualidade o produto brasileiro é imbatível", diz Souza Neto.

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