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Produção de leite aumenta em 2003


Para produtores rurais, programa "Fome Zero" provocará aumento da demanda por lácteos. A produção brasileira de leite poderá alcançar 25 bilhões de litros em 2003, o que significa um crescimento de 19% sobre os 21 bilhões de litros projetados para este ano. "Com preços remuneradores, a capacidade de resposta da pecuária leiteira é muito rápida", diz Rodrigo Alvim, presidente da Comissão de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Para Alvim, a tendência de crescimento da produção está atrelada ao aumento da demanda do mercado interno.

O efetivo aumento da produção, no entanto, ainda vai depender da política de preços pagos ao produtor. "Somente o programa ‘Fome Zero’, anunciado pelo novo governo, deverá provocar um aumento de 5% na produção de leite em 2003, ou 1,2 bilhão de litros de leite a mais", afirma. No longo prazo, o programa, segundo cálculos de Alvim, deverá aumentar em 23% a produção de leite do Brasil, ou seja, mais 5 bilhões de litros de leite previstos para os próximos quatro anos.

Eficiência do setor

Com o crescimento da produção de leite nos próximos anos, o Brasil pode se tornar um grande exportador mundial de produtos lácteos. "Para que isso aconteça é necessário acabar com a oscilação da oferta do produto no mercado, o que inviabiliza a estabilidade dos preços recebidos e a eficiência do setor no mercado externo", diz. A dificuldade em manter a estabilidade dos preços pagos ao produtor foi o principal fator de desestímulo à produção de leite em 2002.

"Houve falta de matéria-prima no mercado interno em razão de um desordenamento provocado pela crise enfrentada pelo setor em 2001", lembra Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, entidade que reúne os produtores rurais.

A acentuada queda dos preços pagos ao produtor durante o segundo semestre de 2001, quando os pecuaristas tiveram sua remuneração rebaixada para R$ 0,27 por litro de leite, desestimulou investimentos em nutrição animal e genética. Neste ano, o setor registrou uma recuperação dos preços médios pagos ao produtor, cotado a R$ 0,40 o litro. No entanto, não houve estabilidade no segmento. Isso porque os custos de produção cresceram muito no decorrer deste ano.

Insumos básicos

Alguns insumos básicos, como milho e farelo de soja, além de produtos veterinários, subiram entre 36% e 83% este ano, em decorrência da desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar. Na avaliação de Alvim, essa situação provocou, inclusive o aumento das importações de lácteos em 2002.

Entre janeiro e novembro, as compras no mercado externo somaram 197,6 mil toneladas, proporcionando despesas de US$ 226,6 milhões no período, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), consolidadas pela Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA. Se comparadas com o mesmo período de 2001, as compras externas de lácteos registraram um crescimento de 44,5% em volume e de 32,3% em receita.

Projeções indicam que as importações devem ficar em US$ 250 milhões em 2002, um crescimento de 38,8% sobre as compras de 2001, que somaram algo em torno de US$ 180 milhões. "Em 2003 as importações devem se manter em 10% da produção nacional. As compras e as vendas externas fazem parte do equilíbrio do mercado", diz Rubez.

As vendas externas também devem crescer. As exportações brasileiras, porém, ainda são atreladas ao potencial de consumo do mercado interno. Com a redução do poder aquisitivo brasileiro, o consumo per capita caiu de 140 litros por pessoa/ano em 1994, para 130 litros este ano.

Massa salarial

"As pessoas deixaram de adquirir produtos de maior valor agregado como queijos e iogurtes", afirma Rubez. Para ele, se a massa salarial voltar a crescer em 2003 a tendência é de que boa parte dos 25 bilhões de litros sejam consumidos no mercado interno.

Canal de escoamento

Os esforços do setor, entretanto, estão centrados na criação de um canal sólido de escoamento do produto brasileiro no mercado externo. A receita com as exportações brasileiras deverá atingir US$ 40 milhões este ano, um aumento de 60% sobre os US$ 25 milhões do ano passado. Para este ano, o faturamento da cadeia leiteira está projetado em R$ 18 bilhões, um crescimento de 20% sobre os R$ 15 bilhões do ano passado.

"A cadeia tem um enorme potencial de expansão, mas alguns rumos têm de ser modificados. Vamos trabalhar na modernização do setor e na obtenção de lucros para os produtores", diz Rubez. O segmento encerra o ano com duas importantes conquistas: o programa nacional de qualidade e a garantia de preços mínimos aos produtores. "São políticas extremamente importantes para criar condição de o Brasil ser um grande exportador mundial de lácteos", afirma Rodrigo Alvim.

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